Introdução
Os índices de acidentes de trânsito e de violência interpessoal só aumentam nos últimos anos, por este motivo esse assunto já se tornou um problema mundial como afirma um estudo realizado pelo autor Montenegro et al. (2011). A Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências (PNRMAV) preconiza que a reabilitação de sequelas advindas de acidentes e violências deve favorecer o alcance da independência do paciente dentro da nova situação. A reabilitação é um processo global e dinâmico com o objetivo de recuperar a saúde física e psicológica, tendo como meta final a reintegração total do paciente á sociedade (RIBEIRO; BARTER, 2010). Autores revelam em seus estudos que os casos de acidentes graves com seqüelas representam um grave problema de saúde pública no mundo, pois são responsáveis por incapacidades temporárias e permanentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1,2 milhões de óbitos decorrem de acidentes graves anualmente no mundo. Os acidentes provocam impactos na saúde física, emocional e social das pessoas e famílias, além de sérios prejuízos na economia do país, pois a vítima, como preconiza a Política Nacional de Atenção às Urgências (Brasil, 2003), deve ser assistida, pelo atendimento pré-hospitalar e, em seguida, encaminhada aos serviços de emergência para que possa manter e restabelecer sua funcionalidade e integridade física. (MONTENEGRO et al.,2011; VIEIRA et al., 2010). As intervenções de enfermagem no processo de reabilitação são de extrema importância no processo pois o enfermeiro é o único profissional que está 24 horas ao lado do paciente, ele sabe as necessidades e as dificuldades de cada paciente A enfermagem trabalha com a SAE que é a sistematização da assistência em enfermagem, que elabora um plano de cuidados de acordo com a necessidade de cada paciente, as ações do profissional de enfermagem são direcionadas para a recuperação e reabilitação do paciente e de sua família. Espera-se que o estudo possa contribuir para a prática para que possa despertar o interesse dos enfermeiros sobre esse assunto e que auxilie na produção de mais trabalhos sobre o assunto já que é tão importante a participação direta do profissional de enfermagem no processo de recuperação e de reabilitação de algum trauma sofrido pelo paciente, pois só esta equipe está ao lado do paciente 24 horas. Nesse contexto, este estudo possui como objetivos identificar as publicações científicas de enfermagem sobre a reabilitação e discutir as intervenções de enfermagem ao paciente em reabilitação.
Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Após estabelecido e delimitado o tema, foi elaborado o plano de trabalho, inicialmente com a seguinte questão norteadora: qual o conhecimento produzido pela enfermagem acerca da reabilitação? Para realizar a seleção dos estudos, utilizaram-se os sistemas de bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SciELO), e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Para a busca dos artigos nas bases selecionadas, foram utilizados os seguintes descritores de forma cruzada: reabilitação e enfermagem.Os critérios utilizados para a seleção da amostra foram: artigos que abordem a temática em questão; publicados no período de 2010-2016 e disponíveis eletronicamente na íntegra nos idiomas português, inglês e espanhol. Os critérios de exclusão foram: editoriais e cartas ao editor. O levantamento dos artigos foi realizado no mês de março de 2016.
Resultados e Discussão
A função do enfermeiro em um centro de Reabilitação é trabalhar diretamente com o cliente e a família, em todas as etapas do processo de Enfermagem, tendo como foco final o auto-cuidado e a independência do cliente. A enfermeira de reabilitação desenvolve um relacionamento terapêutico e de apoio com o paciente e com a família enfatizando os valores e as forças do paciente reforçando positivamente seus esforços para melhorar o autoconceito e as capacidades de autocuidado (KODAMA; SPURAS; PADULA, 2009).O enfermeiro também atua como educador, tanto para o paciente como para a família, esclarecendo a situação que aquele paciente se encontra e mostrando os cuidados que ele vai precisar a partir dali. Orienta quanto à higiene corporal, as principais orientações relacionaram-se ao banho de aspersão, devendo o familiar incentivar o paciente dentro de suas condições. Quanto à alimentação e hidratação, as principais orientações para os familiares são quanto à necessidade de ingestão de proteínas, fibras, legumes, carboidratos e frutas e orientações para que se estimule a ingestão hídrica diária. Ressalta-se a importância da ingestão hídrica de pelo menos 3 litros por dia, para prevenir distúrbios urinários, favorecer a eliminação fecal, vesical e brônquica. Orienta-se também quanto ás eliminações, quanto a lavagem das mãos, quanto ás medicações, enfim. O enfermeiro tem características que facilitam o seu papel educador com o paciente: é ele o elemento da equipe que mais tempo permanece ao lado do paciente e tem a capacidade de observá-lo e considerá-lo como todo e não apenas como um caso (LEITE; FARO, 2010).
Conclusão
A reabilitação física-motora não pode ser entendida como uma complementação ao tratamento do deficiente físico. Trata-se de um processo de cuidar precoce, abrangente, holístico enquanto um modelo assistencial, essencialmente educativo. Por meio da Sistematização da Assistência, o enfermeiro reabilitador desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitação, restaurar e manter níveis saudáveis de vida e evitar complicações. O enfermeiro reabilitador desenvolve um papel fundamental de Educador, bem como de implementador de cuidados, Conselheiro e Consultor, muitas vezes o responsável pelo planejamento geral de reabilitação. Através desse estudo percebemos que existe um consenso na literatura de que a presença do enfermeiro influencia a qualidade da assistência ao paciente prestada por qualquer hospital. Isso ocorre porque paciente deposita nele a sua confiança e aceita os seus ensinamentos. A concepção de um ambiente confortável, um cuidado eficaz e ético proporciona um maior progresso no processo de reabilitação do paciente.
Referências
RIBEIRO, A.P; BARTER, E.A.C.P. Atendimento de reabilitação à pessoa idosa vítima de acidentes e violência em distintas regiões do Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 6, p.2.729-2.740, set. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a11v15n6.pdf>. Acesso em: 28 abril 2016.
MONTENEGRO, M.M.S et al. Mortalidade de motociclistas em acidentes de transporte no Distrito Federal, 1996 a 2007. Revista de Saúde Pública, Sao Paulo, v. 45, n. 3, p.529-538, 2011. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v45n3/2394.pdf>. Acesso em: 28 abril 2016.
KODAMA, C.M; SPURAS, M.V; PADULA, M.P.C. Cuidados prestados pelos enfermeiros aos pacientes de reabilitação. Arquivos Médicos Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo, São Paulo, v. 54, n. 3, p.100-106, 2010.
LEITE, V.B.E; FARO, A.C.M. O cuidar do enfermeiro especialista em reabilitação físico-motora. Revista da Escola de Enfermagem-usp, Sao Paulo, v. 39, n. 1, p.92-96, 2010.