O CUIDADO DO ENFERMEIRO NO PARTO NORMAL

KALIDIA FELIPE DE LIMA COSTA

Co-autores: MARINA MELO SANTOS, GISELLE DOS SANTOS COSTA OLIVEIRA, PATRÍCIA HELENA MORAIS CRUZ MARTINS, LUCIDIO CLEBESON DE OLIVEIRA e MARIA VILANI CAVALCANTE GUEDES
Tipo de Apresentação: Pôster

Resumo

O CUIDADO DO ENFERMEIRO NO PARTO NORMAL

INTRODUÇÃO: a finalidade principal do cuidado a parturiente é conceder experiência positiva para a mulher e sua família, manter a sua saúde física e emocional, prevenir complicações e responder às emergências. A paciente e sua família necessitam de um apoio constante da equipe assistencial, onde suas angústias, dúvidas e procedimentos realizados devem ser esclarecidos, respeitando seus valores culturais, crenças e expectativas em relação à gravidez, ao parto e ao nascimento, procurando a individualização do cuidado (BRASIL, 2014). Nesse contexto, os profissionais que cuidam das parturientes devem vê-las com uma "concepção de pessoa humana", procurar intervenções para criar mecanismos de interação que mostrem as verdadeiras necessidades e seus significados. Não devem assumir uma posição superior, vendo-as como pessoas indefesas, fracas e submissas. O serviço e os profissionais de saúde devem assumir uma posição de igualdade, respeito e confiança (FALCONE et al, 2005). Neste contexto, a enfermagem representa um papel de grande importância no contexto do atendimento à gestante. Acompanhando em todos os estágios de sua gestação, fornecendo orientações adequadas, sendo ela a responsável não só pelo cuidado, mas também pelo apoio emocional que esta paciente deverá receber. O resultado de uma boa assistência de enfermagem faz uma grande diferença para a mulher nesse momento de parturição permeada por diversos sentimentos e emoções (MOURA, 2012).

OBJETIVO: Conhecer o cuidado do enfermeiro no parto normal, na Maternidade Parteira Maria Correia em Mossoró, Rio Grande do Norte.

METODOLOGIA: trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo e exploratória, com abordagem qualitativa, realizada na Maternidade Parteira Maria Correia, localizada no Município de Mossoró-RN. A amostra da pesquisa foi composta por 10 enfermeiros que atuam no alojamento conjunto e nas salas de parto. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um roteiro de entrevista, contendo perguntas abertas e fechadas abordando a temática do estudo.            Após a coleta dos dados as entrevistas foram transcritas na íntegra e as respostas foram analisadas através do método de análise de conteúdo de Bardin. Por se tratar de um estudo envolvendo seres humanos esta pesquisa foi avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Enfermagem e de Medicina de João Pessoa (FACENE-PB) atendendo a Resolução de n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, conforme parecer: 1.83.420 e CAAE: 47823115.7.0000.5179.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: a partir das entrevistas realizadas, constatou-se que o cuidado do enfermeiro no parto normal envolve a preocupação com a humanização, conforme fala destacada: "a gente se preocupa muito com a questão da humanização, quando ela chega, a gente acolhe, orienta como é a evolução do parto vaginal e ta sempre lá acolhendo ela, monitorando, partejando e sempre bem preocupada com a humanização." (Enf 6). Tal preocupação constitui um elemento importante para a qualidade da assistência à parturiente. Todavia, para desenvolver uma assistência humanizada é importante considerar diferentes concepções, valores e práticas culturais associadas ao parto e nascimento existentes em nosso meio (caboclas, indígenas, rurais, urbanas, etc). Com mais acesso as informações sobre os diferentes hábitos e costumes associados ao nascimento será possível desenvolver uma atitude mais flexível e tolerante às diferenças, com comunicação mais efetiva entre profissionais e usuários, buscando atender às necessidades das mães e famílias (MERIGHI; GUALDA, 2009). Outra fala sobre o cuidado de enfermagem também retratou a humanização no atendimento. Foi citada a preocupação do profissional com a mulher, envolvendo desde o apoio psicológico, o cuidado com o ambiente até o controle da dor e o bem-estar da parturiente, conforme observado na fala a seguir: "a gente trabalha muito o lado psicológico, a parte da orientação na força, promover ambiente saudável e adequado, no controle da dor durante o pré-parto facilitando para que o parto ocorra mais rápido" (Enf 3). De acordo com a fala do Enf 3, a atenção do enfermeiro para o psicológico da mulher é importante, pois o parto é considerado uma vivência emocional da mulher e um evento social da família. Como consequência, o cuidado é centrado na mulher, na sua família e em suas necessidades biopsicossociais. Portanto, o atendimento deve ser individualizado e flexível, com apoio emocional contínuo e transmitindo à mulher a sensação de ser compreendida (CAMPOS; LANA, 2007).  Por outro lado, percebe-se que a falta de profissional e o tempo são fatores que desfavorecem o cuidado de enfermagem: "a gente acolhe a paciente na sala de parto, onde são verificados os sinais vitais, a gente fica verificando os batimentos cardiofetais. O tempo não nos permite fazer tudo isso. Acaba atrapalhando a assistência, devido a falta de profissional especifico e direcionado apenas para o trabalho de parto" (Enf 7). Percebe-se com esta fala que há um mau dimensionamento profissional que distancia o enfermeiro do cuidado no parto normal. Todavia, sabe-se que a insuficiência numérica e qualitativa de recursos humanos para o serviço de enfermagem ocorre a nível nacional e se torna uma questão preocupante para os enfermeiros e comprometendo seriamente a qualidade do cuidado (ANSELMI; NICOLA, 2005). Neste contexto, além do distanciamento do cuidado, o enfermeiro é sobrecarregado com papel burocrático e funções gerenciais, consequência do mau dimensionamento, conforme fala a seguir: "olhe pelo que eu pude ver aqui, é porque é um setor que tem muitas atividades e a enfermeira fica muito sobrecarregada. Só aqui no internamento fica canguru, clínica obstétrica, alojamento conjunto e tratamento clínico, então são muitos pacientes. É muito trabalho para uma pessoa só. Sem falar que o enfermeiro não vai só atuar com esses pacientes, tem a questão das informações, tem outros setores pedindo vaga, tem outras questões burocráticas que o enfermeiro tem que se mover para resolver, a falta de medicamento, entrar em contato com farmácia. Então é um mundo que acaba "digamos" o tempo que a enfermeira deveria esta se dedicando aquela gestante" (Enf 4).  Neste contexto, as atividades de gerenciamento, supervisão, entre outros, ocupam o tempo do profissional e, muitas vezes, faz com que eles deixem de participar do cuidado direto à mulher durante o trabalho de parto e o parto (MERIGHI; YOSHIZATO, 2002).

CONCLUSÃO: conclui-se que no cuidado do enfermeiro ao parto normal há uma preocupação com a humanização, com a orientação adequada para cada paciente, evolução, o apoio psicológico e o partejar. Fatores como o mau dimensionamento de profissionais e a sobrecarga com atividades burocráticas e gerenciais distanciam o enfermeiro das pacientes e comprometem o cuidado. Diante disso, é primordial que haja maior incentivo para o parto normal e que sejam oferecidas várias possibilidades para os profissionais se aperfeiçoarem na área de obstetrícia, para assim oferecerem um cuidado com melhor qualidade.

 

PALAVRAS-CHAVE: Cuidado. Enfermagem. Parto.