SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE PACIENTES PROPOSTO POR FUGULIN: RELATO DE EXPERIENCIA

MARIA ODETE MARÇAL SAMPAIO

Co-autores: LIDIANE DO NASCIMENTO RODRIGUE e VALDERINA GUIMARÃES HOLANDA
Tipo de Apresentação: Pôster

Resumo

 

Introdução: As ações de saúde demandam recursos humanos suprindo as necessidades da assistência com um nível de qualificação técnica específica conforme a complexidade do cuidado exigido e grau de dependência do paciente. A utilização de ferramentas para melhoria da assistência de enfermagem agrega conhecimentos para um cuidado de qualidade. (BRASIL, 2004). No Brasil, encontram-se disponíveis vários instrumentos de classificação para avaliação de pacientes adultos (ZIMMERMANN et al, 2011). Dentre estes o desenvolvimento do Sistema de Classificação de Pacientes (SCP), tem como finalidade determinar a complexidade de cuidados, auxiliando no dimensionamento dos profissionais de enfermagem e classificação dos pacientes de acordo com o grau de dependência de cuidados, permitindo o planejamento das necessidades de grupos de pacientes, proporcionando maior satisfação, rendimento, eficiência ao trabalho, além de menor tempo de permanência hospitalar (FUGULIN ; SILVA; SHIMIZU; CAMPOS,1994; GAIDZINKI; FUGULIN, 2010; GVOZD et al., 2012). O instrumento de Fugilin estabelece nove áreas de cuidados, de acordo com a complexidade assistencial dos pacientes internados: estado mental, oxigenação, sinais vitais, motilidade, deambulação, cuidado corporal, eliminação e terapêutica (FUGULIN ; SILVA; SHIMIZU; CAMPOS,1994). A partir desta avaliação os pacientes são classificados em uma das categorias: cuidados intensivos (acima de 31 pontos), cuidados semi intensivos (27 a 31 pontos), cuidados de alta dependência (21 a 26 pontos), cuidados intermediários (15 a 20 pontos) e cuidados mínimos (9 a 14 pontos). Esta classificação deve ser realizada pelo enfermeiro diariamente como forma de identificar as necessidades afetadas e traçadas intervenções de cada um individualmente (FUGULIN, 2007). Sendo assim, a complexidade assistencial e o grau de dependência de cuidado de enfermagem têm sido utilizados pelos gerentes de enfermagem como instrumentos em diversos cenários do cuidado, inclusive em unidades de internação, como clínica médica, que recebe pacientes adultos com variadas patologias e complexidades, considerando a provisão de recursos humanos, a otimização de custos e principalmente a manutenção da qualidade na prestação de serviços e saúde do trabalhador (PERROCA; GAIDZINSKI, 1998) Neste cenário, a classificação de pacientes com problemas de cronicidade como as cardiovasculares, torna-se importante pelo aumento da população idosa. Desta forma, o estudo teve como objetivo descrever o processo de implantação do sistema de classificação de pacientes em uma unidade cardiológica de um hospital de referência em cardiologia. Metodologia: Esta pesquisa trata-se de um relato de experiência vivenciado por enfermeiras da assistência na unidade de pacientes cardiopatas clínicos e cirúrgicos, em outubro de 2013 de um hospital de referência em Cardiologia no Estado do Ceará. Resultados e discussão: O instrumento baseado no modelo de Fugulin foi apresentado por uma enfermeira do hospital supracitado após experiência acadêmica em uma Jornada de Enfermagem realizada no hospital do estudo, que teve como objetivo a implantação nas unidades da cardiologia e pneumologia, como ferramenta  para nortear a assistência de enfermagem, melhorando a qualidade da assistência e promoção da segurança dos pacientes. Foram traçados estratégias através de etapas, com prazos para o inicio do processo. A partir das discussões e orientações com os coordenadores de unidade, foi acordado o inicio da implantação do instrumento de classificação de pacientes por grau de dependência de cuidados.  Na unidade do relato, o processo iniciou com a primeira etapa através da sensibilização dos enfermeiros assistenciais, com uma reunião onde foi elencada a importância do modelo proposto, seguindo de outra etapa, pela apresentação do instrumento, e na terceira etapa, ação de ambiência para adaptar um quadro existente de identificação dos pacientes, com idades, data de admissão, diagnóstico, médico assistente, e agora classificação por grau de dependência de cuidados, sendo visualizado por cores como: azul para pacientes em autocuidado, verde pacientes com nível de cuidados intermediário, amarelo alta-dependência de cuidados, laranja para cuidados semi-intensivos e vermelho cuidados intensivos. Através do quadro com as cores a equipe multidisciplinar pôde visualizar a dependência requerida de assistência de enfermagem para cada paciente. Por fim a última etapa da implantação, de acordo com o modelo original da autora, o mesmo foi agregado ao prontuário do paciente. Após o percurso das etapas a equipe de enfermagem, foi incentivada para disseminar junto aos demais membros o instrumento, ressaltando sua importância como ferramenta de embasamento de planejamento da assistência.  Para que o sistema de classificação de pacientes pudesse atingir todos os pacientes, e se tornasse seguro e funcional, era preenchido no momento da admissão, e seguia nos demais turnos preenchidos diariamente. À medida que a dependência evoluía, eram feitas modificações na classificação.  E assim o modelo foi incorporado à rotina, possibilitando uma avaliação do perfil assistencial, da carga de trabalho para o atendimento de cada grupo de pacientes, bem como possibilitou o redimensionamento da equipe de enfermagem tornando-a integral e de qualidade. Conclusão: O presente estudo possibilitou a avaliação da complexidade assistencial dos pacientes cardiopatas clínicos e cirúrgicos hospitalizados na unidade de internação, identificando que há uma superioridade daqueles que necessitam de cuidados de alta dependência, seguido dos que necessitam de cuidados intermediários e semi-intensivos, correspondendo ao perfil dos internados nessa unidade, que atende predominantemente idosos acometidos por doenças crônico-degenerativas, possibilitando um redimensionando da equipe nos cuidados de enfermagem. Referências:  1BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem [internet]. Resolução COFEN nº 293/2004. Fixa e Estabelece Parâmetros para o Dimensionamento do Quadro de Profissionais de Enfermagem nas Unidades Assistenciais das Instituições de Saúde e Assemelhados. Disponível em: http://www.saude.mg.gov.br/atosnormativos/legislacaosanitaria/estabelecimentos-desaude/exercicio-profissional/res 293.pdf. Acessado em 08 mai., 2016, ás 12:05. 2 FUGULIN, F.M.T.; SILVA, S.H.S.; SHIMIZU, H.E.; CAMPOS, F.P.F. Implantação do sistema de classificação de pacientes na unidade de clínica médica do hospital universitário da USP Rev Med HU-USP, v.4, n.1, p.63-8, 1994. 3 FUGULIN, F.M.T. Sistema de classificação de paciente: proposta de complementação do instrumento de Fugulin et al. Rev. Latino Enferm. v.15, n.5, 2007. 4 GAIDZINKI, R.R.; FUGULIN, F.M.T. Condições de trabalho e segurança do profissional: a influência do dimensionamento dos trabalhadores de enfermagem. In: Anais do 62º Congresso Brasileiro de Enfermagem. Florianópolis, 2010. 5 GVOZD, R. et al. Grau de dependência de cuidado: pacientes internados em hospital de alta complexidade. Rev. Enfermagem Esc Anna Nery. v. 16, n. 4, p. 775-780, 2012.   6 PERROCA, M.G.; GAIDZINSKI, R.R. Sistema de classificação de pacientes: construção e validação de um instrumento. Rev Esc Enferm USP v.32, n.2, p. 153-68, 1998. 7 ZIMMERMANN, L.P et al. Avaliação do grau de dependência de cuidados de enfermagem dos pacientes internados em pronto-socorro. Rev. Enferm. UFSM, v. 1, n.1, p.153-163, 2011.