ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA IDOSA HOSPITALIZADA COM CHIKUNGUNYA

WILLAN NOGUEIRA LIMA

Co-autores: BRUNA KAREN CAVALCANTE FERNANDES e CÍNTIA LIRA BORGES
Tipo de Apresentação: Pôster

Resumo

 

 

II SIEPS

                                                                        XX ENFERMAIO

              I MOSTRA DO INTERNATO EM ENFERMAGEM

 

                                       Fortaleza - CE

                               23 a 25 de Maio de 2016

 

ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA IDOSA HOSPITALIZADA COM CHIKUNGUNYA

Willan Nogueira Lima¹; Bruna Karen Cavalcante Fernandes²; Cíntia Lira Borges ³.

 

 

1. Acadêmico de Enfermagem da Faculdade Mauricio de Nassau- Fortaleza.

2. Enfermeira. Mestranda em Cuidados Clínicos e Saúde (UECE)- Fortaleza.

3. Enfermeira. Doutoranda em Saúde Coletiva. Docente da Faculdade Mauricio de Nassau- Fortaleza.

 

willannoglima@hotmail.com

 

EIXO II. SABERES E PRÁTICAS DA ENFERMAGEM EM DIFERENTES CONTEXTOS LOCAIS, NACIONAIS E INTERNACIONAIS.

 

 

Introdução

O Chikungunya é um vírus de ácido ribonucléico, pertencente ao gênero Alphavirus da família Togaviridae, causador da doença Chikungunya que teve um surto no Quênia em 2004 e se espalhou para ilhas no oceano Índico durante os dois anos seguintes. Da primavera de 2004 ao verão de 2006 ocorreu um número estimado de mais de 500 mil casos. O período de incubação desse vírus no homem pode variar em média de 3 a 7 dias. A infecção se caracteriza por três fases: aguda ou febril, subaguda e crônica. No indivíduo idoso, esta doença pode trazer consequências mais graves, pelo fato deste possuir naturalmente uma diminuição progressiva do sistema imunológico. Diante disso, ressalta-se que o cuidado de enfermagem a essa clientela deve ser guiado pelo processo de enfermagem a fim de alcançar a melhora do estado de saúde deste indivíduo. O presente trabalho objetivou descrever a assistência de enfermagem a uma idosa hospitalizada com Chikungunya.

Metodologia


Trata-se um estudo descritivo do tipo estudo de caso, realizado em um hospital terciário privado no município de Fortaleza-CE, no período de março de 2016, com uma idosa diagnosticada com Chikunguya. Foram realizadas três visitas. Os dados foram obtidos através da realização de exame físico, histórico de enfermagem e informações do prontuário. Os diagnósticos de enfermagem foram elaborados utilizando a North American Nursing Diagnosis Association (NANDA-I), os resultados a Nursing Outcomes Classification (NOC) e as intervenções a Nursing Intervention Classification (NIC). O estudo respeitou os preceitos éticos e legais da pesquisa com seres humanos, como preconiza a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de saúde e teve parecer favorável nº 1.435.048 do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará.

Resultados e Discussão


ARAS, 68 anos, sexo feminino, viúva, admitida no hospital com quadro de rebaixamento do sensório, febre (T=39,5°C), vômitos e referindo fortes dores articulares. Foi solicitada uma sorologia para Chikungunya, a qual deu reagente. A família relatou que a idosa tinha diagnóstico médico de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2. Apresentava-se sonolenta, letárgica (Glasgow=10), respondendo a estímulos dolorosos. Seu padrão de sono foi alterado devido às fortes dores; dormia após analgesia.  Mucosa oral preservada, alimentando-se por sonda nasoentérica, devido dificuldade para deglutir À avaliação respiratória, encontrava-se dispnéica (FR=16 irpm); fazendo uso de suporte ventilatório por cateter nasal (3 L/min); ausculta pulmonar: murmúrios vesiculares universais presentes, sem ruídos adventícios. À avaliação cardíaca, ritmo cardíaco regular, bulhas normofonéticas, em 2 tempos, taquicardia (P= 110bpm), pulso rítmico e enchimento capilar lento (>2 segundos). Mastectomizada à esquerda, devido um câncer, há oito anos. Abdome distendido e ruídos hidroaéreos hipoativos. Acompanhante relatou que a idosa está há três dias sem evacuar. Presença de lesão por pressão em região sacral estágio 1. Membros inferiores hiperemiados e edemaciados (++/4+). Acompanhante relatou que a idosa queixava-se de fortes dores em articulações dos cotovelos, joelhos, mãos e pés. Amplitude dos movimentos diminuída e exantema macupapular em mãos. Eliminação urinária espontânea em fraldas, com presença de odor fétido. Encontrava-se acamada, com dependência para banho, vestir-se e mobilidade na cama. Sinais vitais: Pressão Arterial: 130/90 mmHg, Pulso: 99 bpm, Frequência Respiratória: 16 irpm. Fazia uso dos seguintes medicamentos: Codeína, Morfina, Meropenem, Dipirona, Tramadol, Ciclobenzaprina, Baclofeno, Berotec e Atrovent. De acordo com as características de cada fase da doença, no momento da coleta dos dados a idosa encontrava-se na fase aguda que é caracterizada com febre de inicio súbito maior que 39° C, dores articulares intensas, vômito e mialgia, sendo que essa fase tem duração de 3-10 dias. (BRASIL, 2014).  Diagnósticos de enfermagem: Dor aguda, relacionada à agente lesivo biológico (chinkunguya) evidenciado por fáceis de dor e irritabilidade ao toque; Hipertermia relacionada à doença evidenciado por aumento da temperatura corporal; Mobilidade no leito prejudicada relacionado à força muscular insuficiente e dor evidenciado por capacidade prejudicada para mover-se; Integridade da pele prejudicada relacionada à imobilidade física evidenciada por hiperemia em região sacral; Risco de constipação relacionado à motilidade gástrica diminuída, imobilidade, três dias sem evacuar e uso de opióide. Resultados esperados: apresentar diminuição das dores; movimentar-se no leito; cicatrizar lesão por pele; manter funções gastrintestinais adequadas. Intervenções de enfermagem: avaliar a intensidade da dor; orientar alternância de compressas quente e fria em articulações; realizar meios físicos para diminuição da febre; administrar analgésicos e antitérmicos prescritos; aplicar óleo de girassol em pele da região sacral; realizar mudança de decúbito de 2/2horas; mover a paciente no leito para promoção do conforto; aumentar a ingesta hídrica e alimentação laxativa; orientar a família sobre o processo infeccioso. Resultados alcançados: ausência de edema em articulações dos punhos e edema diminuído nas demais articulações. Mantiveram-se as dores intensas ao mover-se. Ausência de febre. Na terceira visita a idosa encontrava-se na fase sub-aguda, fase em que ainda persistem as dores articulares e surgem os problemas  reumatoides ( BRASIL, 2015). Embora o chikungunya não seja uma doença de alta letalidade, tem caráter epidêmico com elevada taxa de morbidade associada à artralgia persistente, tendo como consequência a redução da produtividade e da qualidade de vida (BRASIL, 2015). A dor pode ser a manifestação de doença grave, afetando sono e o apetite, redução da movimentação, imobilismo, restrições das atividades de vida diária. A alta prevalência de dor em idosos associa-se a desordens crônicas e degenerativas, particularmente as doenças musculoesqueléticas, como artrites e osteoporose. (OLIVEIRA et al, 2013). O processo de envelhecimento desencadeia diversas alterações na pele, as quais acontecem por motivos como: a redução da elasticidade, menor percepção da temperatura ambiente e suas variações, diminuição da sensibilidade tátil, bem como do componente aquoso. A identificação de precoce de lesão por pressão deve ser uma preocupação constante da enfermagem, pois quando detectada precocemente causa menos dano saúde do paciente. É de suma importância que o tratamento da ferida seja feito com curativos adequados de acordo com o grau de complexidade que a mesma apresenta.  (MALAQUIAS; BACHION; NAKATANI, 2008). O idoso que tem uma dieta com baixa ingestão de fibras, imobilidade física, inatividade física, ingestão inadequada de água, desidratação, polifarmácia, morbidades crônicas, como câncer e anemias, está mais suscetível a desenvolver constipação. Para um paciente ser considerado constipado é necessário que tenha menos de três evacuações por semana, esforço para evacuar, fezes endurecidas e sensação de evacuar incompleta (HEITOR et al,  2013). Os Idosos tendem a apresentar temperaturas corporais menores do que as de adultos jovens, isso se associa ao envelhecimento normal. Outros fatores estão relacionados a reduções da temperatura basal, como diabetes mellitus, doenças neurológicas, desnutrição, imobilidade e medicamentos (opióides, antidepressivos tricíclicos, alfa-bloqueadores).  A presença de febre é um dos últimos sintomas que aparece no idoso na presença de infecção. A febre indica infecção grave, por isso deve-se iniciar precocemente propedêutica adequada. (GORZONI et al, 2010).

Conclusão


A assistência de enfermagem prestada à idosa foi organizada e fundamentada no processo de enfermagem e isto favoreceu a promoção de um cuidado individualizado e centrado nas respostas humanas apresentadas por ela que, por conseguinte, tornaram-se o foco da prática de enfermagem, objetivando sua recuperação e melhora do quadro clínico.

Referências


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