GRUPO DE FAMÍLIAS NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL INFANTO-JUVENIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

RITA MARIA SILVA ALMEIDA

Co-autores: ANA RUTH MACÊDO MONTEIRO, RODRIGO JACOB MOREIRA DE FREITAS, AMANDA TEODÓZIO RIBEIRO, SARA MARIA SOARES RABELO e JOANA DARC MARTINS TORRES
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Introdução
A família é o grupo social onde as crianças e adolescentes que nela estão inseridos adquirem sua construção como pessoas. É nela onde se incorporam padrões de comportamento, valores morais, sociais, éticos e espirituais, entre tantos outros (MACÊDO, MONTEIRO, 2006). Esse grupo social desempenha papel fundamental no cenário do desenvolvimento das estratégias terapêuticas aplicadas às crianças e adolescentes em sofrimento psíquico, pois é ele quem vai acompanhar toda trajetória percorrida ao longo do tratamento e é nele onde se encontraram acontecimentos importantes que auxiliarão na resolutividade do tratamento.
Quando um componente da família possui algum tipo de sofrimento psíquico é comum que haja uma mudança no contexto familiar, a fim de se readequar para que o ente adoecido possa ter um cuidado adequado. Pois nesse contexto é normal que a família se sinta responsável por amenizar os efeitos da doença buscando promover um desenvolvimento satisfatório (VICENTE, HIGARASHI, FURTADO, 2015). Nesse processo de readequação a família passa por grandes dificuldades; pois é necessário dispor de mais tempo, mudanças nas atividades, mudanças econômicas e abdicação de algumas necessidades. E todas essas mudanças geram na família um desgaste (MONTEIRO et al, 2012). Visando todas essa mudança vivenciada pelas famílias nota-se a necessidade do desenvolvimento de um cuidado voltado para elas. Cuidado esse que possa contemplar suas necessidades de conhecimento sobre os transtornos, tirar suas dúvidas ou simplesmente ser ouvido, promover saúde para eles mesmos e que os permita pensar um pouco em si. A partir dessa demanda o cuidado de enfermagem pode se manifestar a essas famílias por meio do desenvolvimento de atividades em grupos.
Nesse sentido, o presente trabalho objetiva relatar as experiências vivenciadas pelos autores frente ao desenvolvimento do trabalho grupal com famílias em um Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi). Essa atividade é realizada por integrantes do Grupo de Pesquisa de Enfermagem e Cuidado em Saúde Mental.

Metodologia
Trata-se de um relato de experiência de abordagem qualitativa, realizado em um CAPSi, do Município de Fortaleza - CE, com dois grupos de famílias de crianças e adolescentes que são acompanhadas por esse CAPSi. Os autores vivenciam e auxiliam na construção do grupo de famílias há um ano.
Resultados e Discussão
O grupo é composto por um profissional, sendo ele mestrando ou doutorando, e dois ou três graduandos, que fazer parte do Grupo de Pesquisa de Enfermagem, Cuidado e Saúde Mental; e pelos familiares que levam as crianças e adolescentes para o serviço as segundas-feiras. E para que a realização das atividades ocorresse, foi feita uma pactuação com a coordenadora do serviço, visando fortalecer a relação entre ensino, serviço e pesquisa.
Para iniciarmos os trabalhos em grupo tivemos um primeiro momento de diálogo com as famílias envolvidas. Nesse momento buscamos extrair, a partir dos seus discursos, as atividades que viriam a ser desenvolvidas no grupo. Após essa escuta e fundamentado no que traz a literatura sobre o desenvolvimento de atividades com grupo de famílias nós estabelecemos um roteiro mensal de atividades para o grupo. Durante o mês esclarecemos dúvidas sobre as psicopatologias, medicamentos, ou quaisquer dúvidas que eles queiram trazer, voltados para o cuidado das crianças e adolescentes; fazemos um grupo voltado para o cuidado das famílias e também trabalhos artesanais. As metodologias utilizadas envolvem rodas de conversa, escuta das histórias de vida, dinâmicas e trabalhos artesanais diversos.
Ao longo do desenvolvimento dessas atividades observamos que o interesse dos participantes foi aumentando gradualmente ao ponto de eles mesmos irem convidando outros pais que se encontravam no ambiente a participarem do grupo. Fazendo um comparativo do momento que se iniciaram as atividades até a o último grupo que foi realizado foi possível observar uma construção mais forte do vínculo dos pais com o serviço; é possível notar também que o grupo tem um importante papel na escuta dos familiares, pois o serviço oferece cuidado mais voltado para as crianças e adolescentes, mas é necessário espaço para escutar as dúvidas, as angústias, as conquistas dos pais também; e além de tudo isso o grupo tem um papel fundamental de fazer com que os familiares tenham um momento para olhar para si, para sua saúde, tanto física como mental e também é um momento rico em trocas de experiências entre os participantes.
Em contraponto às vantagens apresentadas existem também uma dificuldade relacionada à execução do grupo que é em relação ao tempo para a realização do grupo, pois alguns familiares trazem na sua fala o desejo de ter mais tempo para estar em grupo, mas infelizmente isso não é possível porque o grupo de pais ocorre concomitante ao grupo das crianças, inviabilizando um outro tempo dos pais sem a presença dos filhos.
É notório que a realização das atividades em grupo são benéficas tanto para o cuidado dos membros das famílias de modo geral e em sua individualidade como para as crianças em sofrimento psíquico.

Conclusão
Por meio do relato apresentado e fundamentado nas experiências vivenciadas nota-se que a inserção das atividades de grupo com famílias é importante, pois é uma forma de prestar cuidado e promover saúde às famílias de crianças e adolescentes em sofrimento psíquico. Também essas atividades contribuem para que essas famílias deem continuidade às estratégias de cuidado, pois compreendendo melhor os transtornos e conhecendo como se manifestam nas crianças e adolescentes é possível que se estabeleça uma melhor relação.
E para os alunos que contribuem para a construção do grupo é possível notar que essa experiência é importante, pois possibilita uma aproximação e fortalecimento dos elos entre o ensino, a pesquisa e a extenssão.