APOIO SOCIAL AO ADOLESCENTE COM DIABETES NO SUPORTE AO CUIDADO À SAÚDE
Amanda Newle Sousa Silva1 , Milena Siqueira Apolônio1,Caroline Magalhães de Alcântara1, Ana Paula da Silva Morais1,Maria Veraci Oliveira Queiroz1.
1. Universidade Estadual do Ceará - UECE- Fortaleza
amandanewle@hotmail.com
EIXO III: ENFERMAGEM, SAÚDE E SOCIEDADE: ENCONTRO NOS TERRITÓRIOS
Introdução
O diabetes mellitus (DM) não é uma única doença isolada, mas sim um grupo heterogêneo de distúrbios de ordem metabólica, que têm em comum a hiperglicemia, a qual é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção, ou em ambas. O DM1 é o resultado da destruição das células beta-pancreáticas com consequente deficiência de insulina (SBD, 2015).
A adolescência é um período de mudanças rápidas, acompanhadas do desenvolvimento físico, cognitivo, maturidade emocional e sexual. No adoecimento acrescentam-se os fatores que interferem em seu desenvolvimento e crescimento, aspectos limitantes, novas responsabilidades, que os trazem sofrimento, além dos agravos decorrentes do diabetes como problemas físicos, psíquicos e sociais (MINANNI et al., 2010).
A dinâmica estabelecida no cuidado ao adolescente em condição crônica deve ser ampliada, compreendendo o indivíduo em sua totalidade. Planejar o cuidado em saúde requer então, a existência de uma rede social constituída por diferentes pessoas, nas quais o adolescente diabético se relaciona, seja no espaço da comunidade, na escola, nos seus momentos de lazer com amigos, com a família, na vizinhança (ARAUJO et al., 2011).
Considerou-se importante conhecer a rede e o apoio social que dá suporte aos adolescentes com diabetes. Assim, a pesquisa teve como objetivo descrever a visão dos adolescentes com diabetes mellitus tipo 1 sobre o apoio social como estratégia para o seu cuidado à saúde.
Metodologia
Estudo descritivo com abordagem qualitativa, no Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH) do Sistema Único de Saúde (SUS) em Fortaleza-CE, considerado de referência em diabetes e hipertensão, ocorreu no período de outubro de 2015 a janeiro de 2016. Participaram da pesquisa oito adolescentes de entrevistas semiestruturadas. Para selecionar os participantes da pesquisa seguiram-se os critérios de inclusão como a faixa etária de 10 a 19 anos, ter acompanhamento há mais de um ano, encontrar-se no momento da entrevista condições estáveis da doença.
As entrevistas abordaram características pessoais e sócio familiares, e questões norteadoras que contemplem o objeto de estudo. Análise foi baseada no método de análise de conteúdo, organizadas em três momentos: a pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados/inferência e interpretação.
Seguindo estes passos chegou-se à leitura minuciosa das entrevistas, identificado as unidades de sentido, agrupando-as em duas categorias: percepção dos adolescentes acerca do cuidado e apoio recebido pelos profissionais, compreensão dos adolescentes acerca do apoio social no enfoque na família e no ciclo de amigos.
O estudo cumpriu as exigências éticas e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará com parecer n 181.489 de 18 de dezembro de 2012. Para garantir o anonimato dos participantes, estas foram identificadas pela letra "A", seguida de numeral arábico, de acordo com a ordem em que foram entrevistadas.
Resultados e Discussão
As características das participantes mostram que a maior parte (sete) é do sexo feminino e um masculino, idade média 17 anos. Dentre os oitos entrevistados apenas dois moram no interior. Todos são estudantes, apesar de dois adolescentes já trabalharem com informática e fotografia e moram em casa própria com os pais.
Na primeira categoria - Percepção dos adolescentes acerca do cuidado e apoio recebido pelos profissionais, os depoimentos contemplam o que pensam sobre os profissionais que os atendem neste serviço especializado. Falam sobre o vínculo que é estabelecido no decorrer do tratamento, destacam o médico, o enfermeiro e o nutricionista, presentes nas consultas trimestrais a este público. Eles expressão o quer acham primordial para o seu atendimento, contribuído positivamente para o equilíbrio de sua saúde.
Quando a médica me acompanha, ela antes pede pra me pesar e verificar a glicemia. Às vezes, ela pede que eu vá na nutricionista ver se alimentação está correta. Tem também a enfermeira que orienta como evitar aquele problema nos pés e fala da importância da gente está verificando a glicemia (A1).
Nas falas do adolescente o cuidado do enfermeiro, é visualizado na prática educativa momento em que é focado o controle glicêmico, concomitante a isso tem-se a educação a alimentar e a conduta a ser realizada quando há um desequilíbrio glicêmico severo.
Com ela faço mais a pesagem; mostro tipo um diário com minhas glicemias do mês. Ela orienta algumas coisas também. Fala muito sobre ter o controle da glicemia, para não descompensar e acabar tendo riscos para minha saúde (A3).
É essencial que o adolescente estabeleça com a rede de saúde uma parceria, no sentido educador e educando, objetivando a promoção da saúde (LANGE et al.,2014). Percebeu-se nesses discursos a integração no cuidado ao DM1 entre os membros da equipe de saúde, para que o tratamento seja efetivo há que conjugar ações e saberes, proporcionando cuidado essencial no controle da diabetes.
Na segunda categoria - Compreensão dos adolescentes acerca do apoio social: enfoque na família e no ciclo de amigos, os adolescentes discorrem sobre quem mais os apoiam no cotidiano voltando-se sempre aos cuidados com a condição de diabetes, além da equipe multidisciplinar do centro especializado e como essas pessoas os ajudam na rotina diária do tratamento.
Minha mãe, ela briga , reclama, quando não quero aplicar a injeção ela que faz pra mim, porque no braço ainda não consigo aplicar só. Tá ali sempre vendo o que como. Fica me orientando direto, no meu pé , falando que diabetes é
Os adolescentes representam em suas falas a importância da família na figura da mãe e do pai principalmente no cuidado ao DM. Além dos familiares, o ciclo de amizades vivenciado pelos adolescentes em seus momentos de estudo ou lazer com os amigos são citados como importantes para a inserção social destes e busca de apoio para lidarem melhor com a doença.
Amigas do colégio, algumas sabem. Não entendem direito o que é, fazem mais perguntas que ajudar mesmo (A1).
Elas sabem que eu tenho diabetes elas evitam me dá coisa doce, elas sabem se caso eu passar mal como fazer os primeiros socorros (A3).
Os familiares, a escola, o trabalho, as instituições de saúde, os familiares, os amigos, os vizinhos e os profissionais de saúde, os quais interagem e somam forças, oferecendo apoio na adaptação a cada momento pelo adolescente vivenciado, em cada fase da doença, atuando como forma de enfrentamento diante do diagnóstico de uma doença crônica (ARAUJO et al., 2011).
Neste sentido todos os adolescentes reconhecem a importância do apoio recebido pelos seus cuidadores, amigos, profissionais, em conflito com o sentimento de raiva, chateação diante de todos os cuidados que precisam tomar em relação ao DM1 que afetam a rotina.
Conclusão
No estudo foi possível visualizar a presença da equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro e nutricionista e de seus familiares e amigos como essa rede de apoio que se torna fundamental como ferramenta de apoio a estes adolescentes no seu cuidado, desenvolvendo autonomia no manejo com a doença. Também ressaltam a família como suporte diário nos cuidados. Estes apoios relatados pelos adolescentes são aspectos que lhes oferecem mais segurança, força e motivação para assumir os cuidados e aceitar as limitações da doença. Visualiza-se, portanto, esse suporte como meios que ajudam no enfrentamento diante do diagnóstico, tratamento e controle de agravos do DM1.
Referência
ARAUJO,Yana Balduíno et al. Rede e apoio social de famílias de crianças com doença crônica: revisão integrativa. CiencCuidSaude. vol.10, n.4, 2011.
BRASIL, Resolução 486 de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Plenário do Conselho Nacional de Saúde.Brasília,DF,12 de dez.de 2012.
LANGE,K.;SWIF,P.;PANKOWSKA,E.; DANNE,T. Diabetes education in children and adolescents. Pediatric Diabetes.vol.15,n.20.p.77-85.2014.
MINANNI, C.A.;FERREIRA, A.B.;SANTANNA, M.J.C.;COATES, V.Abordagem integral do adolescente com diabetes.Adolescência e Saúde vol.7, n.1,Jan., 2010.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES.Classificação etiológica do diabetes mellitus.-Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes.Rio de Janeiro, p.5,2015.