A família pode ser considerada como um grupo de pessoas vinculadas por fatores consanguíneos ou de aliança, fundamentando-se em relações de confiança e divisão de responsabilidades. A família é considerada pela Organização Mundial de Saúde como a "unidade básica da organização social", na qual se estabelecem as primeiras relações sociais (Organização Mundial da Saúde, 2003). Diferentes conceitos para família podem ser encontrados, porém, sempre compreenderá um grupo de pessoas que vivem juntas, independente do parentesco, no qual todas exercem influência no sistema em que vivem. "[...] a família exerce influência no processo de socialização e desenvolvimento do indivíduo," (SOUSA et al, 2014, p. 481). Além da responsabilidade social que é dada a família, como prover alimento e proteção, é na dinâmica familiar que os primeiros laços afetivos e a construção da identidade pessoal de seus membros acontece. "É no contexto familiar que cada indivíduo aprende as questões iniciais e primordiais para a futura convivência em sociedade," (GOMES; BAPTISTA, 2013, p. 2). Com a compreensão da interferência que o meio familiar tem no desenvolvimento do indivíduo, pode-se perceber a família exercendo um grande papel durante a fase da adolescência. São evidentes os inúmeros desafios de uma família com filhos adolescentes, no entanto, os familiares desempenham um papel fundamental na educação dos jovens (PREDEBON; GIONGO, 2015). Sendo a adolescência uma fase de intensas mudanças físicas e na psique do indivíduo, o contexto familiar atua como uma base afetiva que traz influências comportamentais para o adolescente, atuando na formação de conceitos e vivências emocionais. "[...] a adolescência é marcada por mudanças e transições que afetam os aspectos físicos, sexuais, cognitivos e emocionais, caracterizando-se como a fase da reorganização emocional." (RIBEIRO et al, 2012, p. 19). "É consenso que o relacionamento familiar, independentemente do contexto cultural do adolescente, exerce papel fundamental na estruturação psíquica desse sujeito." (PINTO et al, 2014, p. 556). A violência é um fenômeno que pode se manifestar de diferentes maneiras. Engloba formas de maus tratos físicos ou emocionais, abuso sexual, descuido ou negligência, que originem um dano real ou potencial para a saúde, para o desenvolvimento e para confiança da criança ou adolescente (ASSIS et al, 2009). A violência sofrida pode se exteriorizar de várias maneiras durante o desenvolvimento do adolescente. A violência faz parte dos espaços de socialização de adolescentes e jovens, apresentando-se como fator de risco em um determinado momento da vida, expondo-os a situações de vulnerabilidade. Essas vivências podem gerar consequências tanto físicas quanto psicológicas, acarretando prejuízos ao seu desenvolvimento e à percepção positiva de si (MARANHÃO et al, 2014). A violência pode gerar problemas para a saúde mental do adolescente, seja física ou psicológica, interfere na formação da psique e da personalidade emocional dessa fase de grandes transformações. O adolescente que sofre qualquer tipo de violência necessita se sentir apoiado e acolhido, para auxílio no enfrentamento da situação vivenciada. "[...] precisam ter em torno de si laços sociais e afetivos, como uma teia que lhes proporciona acolhimento," (BARATA et al, 2015, p. 227). A família, inserida no tratamento, atua na promoção desse apoio. Com o intuito de destacar o papel e influência que existe da família sobre o tratamento de adolescentes em saúde mental, no âmbito de vivências de violência, realizou-se esse trabalho. Têm-se o objetivo de discutir e ressaltar a importância da inserção da família no tratamento de adolescentes vítimas de violência. Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, realizada no período de abril e maio de 2016. Para a busca dos trabalhos os critérios de inclusão utilizados foram: textos completos, nos idiomas português e espanhol, publicados no período de 2009 a 2016 e que relacionassem a família, a saúde mental e a adolescência. Os critérios de exclusão foram: dissertações, teses e monografias. Para a busca dos artigos foram utilizados os seguintes descritores: adolescente, família e saúde mental, sendo encontrados na base de dados Scielo dezessete artigos relacionados à temática da pesquisa, sendo incluídos todos nesse estudo. A análise dos dados se deu através da leitura minuciosa dos artigos, buscando obter as informações mais importantes que eles abordaram em relação à família no tratamento em saúde mental de adolescentes vítimas de violência. A família possui relevante função durante todo o desenvolvimento que existe na fase da adolescência. O adolescente passa por um período de rápidas e intensas modificações físicas, ocorrendo também evolução no modo de pensar sobre si e o meio em que está inserido (NASCIMENTO, 2015), sendo a família um sistema de grande influência nas relações e mudanças do ciclo de vida, é importante considerar que uma estrutura familiar consistente é necessária no enfrentamento de adversidades que possam surgir na vida do adolescente (MONTEIRO et al, 2012). Portanto, a inserção dos familiares no tratamento de adolescentes vítimas de violência traz significativa contribuição para o tratamento desses indivíduos. A violência pode se mostrar presente na vida do adolescente de diversas maneiras, como na forma física, psicológica e sexual; podendo causar problemas para o desenvolvimento e formação pessoal do indivíduo. As experiências nesse período da vida exercem influência nos padrões de comportamento, exposições à situações de violência geram prejuízos à saúde e ao crescimento de adolescente (ABRANCHES; ASSIS; PIRES, 2013). Vivências violentas tem efeito destrutivo, tanto pelo ato em si, pois fica guardado na memória, quanto pela idade em que ocorre, por causar rompimento do processo natural de desenvolvimento mental. Os traumas ocasionados pela violência, podem exceder a compreensão e elaboração do adolescente, tendo efeitos imediatos ou tardios, que irão interferir no seu modo de pensar, de agir e de enfrentar outras situações de dificuldades (PFEIFFER; ROSÁRIO; CAT, 2011). Existe consenso em incluir a família na assistência à saúde mental (BUSTAMANTE; SANTOS, 2015). A família como influência na vida de cada um de seus membros, a família exerce função central na formação dos indivíduos (MARANHÃO et al, 2014), proporciona apoio e segurança durante todo processo terapêutico, assim, o adolescente encontra amparo emocional e psicológico, para o enfrentamento da situação de violência vivenciada, tendo seu contexto familiar inserido no tratamento. As vivências na família, ocorridas durante o desenvolvimento do adolescente, interferem na forma como as pessoas enfrentam situações da vida, os processos psicológicos envolvidos no enfrentamento estão ligados ao seu contexto mais próximo, o familiar. Diante disso, a família possui significativa participação no tratamento de adolescentes vítimas de violência, vivência que pode trazer consequências para o desenvolvimento dessa fase da vida. A inserção da família no tratamento também contribui para a compreensão pelos familiares, da instabilidade psicológica e emocional que vivências violentas podem gerar, tornando o meio de convivência do adolescente mais preparado para proteção e manutenção da saúde mental. As famílias precisam aprender a conviver com a nova situação, auxiliando no enfrentamento e adaptando-se a fim de manter um o equilíbrio no meio familiar para o adolescente (VICENTE; HIGARASHI; FURTADO, 2015). A família deve estar presente durante todo o plano de cuidados no âmbito da saúde mental (COVELO; MOREIRA, 2015). No cuidado psicossocial é essencial a participação da equipe de saúde, do usuário e de sua família (VASCONCELOS et al, 2016). O enfermeiro precisa estar preparado para atuar no processo terapêutico tanto com o adolescente quanto com a família, identificando as necessidades de cada um. O profissional de saúde deve estar atento às características do contexto familiar e ser sensível às particularidades da adolescência, além de compartilhar a responsabilidade pelo cuidado da saúde com toda a equipe de atenção psicossocial e família (VALVERDE et al, 2012). A enfermagem deve atuar oferecendo todo o suporte profissional necessário para a criança e para seus familiares (MONTEIRO et al, 2012). Conclui-se que os estudos encontrados para a realização desse trabalho abrangem o contexto da importância da família no tratamento de adolescentes vítimas de violência. Abordam toda a questão do desenvolvimento dessa fase da vida e como experiências violentas podem repercutir no crescimento do adolescente, destacando o papel da família no tratamento. Ressalta-se a compreensão do significado de família e da sua influência para a formação de cada integrante de seu sistema. O adolescente vítima de violência necessita de apoio emocional para o enfrentamento da situação vivenciada, a família inserida no tratamento oferece segurança e conforto sentimental para o adolescente. Observou-se que a equipe de enfermagem precisa ter conhecimento da importância do contexto familiar no tratamento e estar preparada para inserir a família em todo processo terapêutico.