Introdução
O aleitamento materno (AM) caracteriza-se como a prática de alimentar o recém-nascido com o leite materno, podendo ser exclusivo ou complementado. De acordo com o Ministério da Saúde, o aleitamento exclusivo se estende até os seis meses de idade e, posteriormente, até os dois anos de idade, porém sendo complementado com outras fontes nutricionais. À medida que esse processo ocorre, ocorrem alterações na condição de saúde da mãe, fazendo com que haja uma adaptação às necessidades nutricionais e imunológicas do lactente (CHAVES; LAMOUNIER, 2007). Porém, há situações em que se torna inevitável o uso de medicamentos pelas nutrizes durante o período de amamentação, pois como qualquer ser saudável, a mãe pode adoecer e para aliviar os sinais e sintomas maternos dos processos de adoecimento, ela acaba aderindo à terapia medicamentosa. Dessa maneira, conhecer as doenças maternas que ocorrem durante a amamentação, o surgimento de novos medicamentos e a utilização de medicamentos compatíveis com o aleitamento materno são aspectos importantes que devem ser de conhecimento dos profissionais de saúde para o correto posicionamento diante aos eventos de adoecimento. Dessa maneira, o objetivo do estudo foi identificar os medicamentos utilizados por nutrizes adolescentes.
Metodologia
A pesquisa utilizou uma abordagem quantitativa com estudo de campo, visto que nos interessa quantificar casos, além da identificação dos medicamentos tomados por nutrizes adolescentes durante a amamentação. A coleta foi realizada através de formulário, em um hospital do Sistema Único de Saúde de referência em alta complexidade, em Fortaleza-Ceará. A amostra foi constituída por 40 mães que se encontravam distribuídas entre o banco de leite humano e a UTI Neonatal do referido hospital. A pesquisa obedeceu às normas contidas na Resolução 466/12 de Pesquisa envolvendo Seres Humanos com número de protocolo 091202/10. Foram incluídas as nutrizes adolescentes que frequentavam o Banco de Leite e a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) do hospital independente do número de gestações anteriores. Foram excluídas as nutrizes com filhos com idade superior as 24 meses. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um formulário com perguntas abertas e fechadas para a coleta das informações. As variáveis do estudo foram idade materna, escolaridade, local da coleta, estado civil e medicação utilizada durante o período de amamentação.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Os participantes da pesquisa foram esclarecido por meio de um termo de consentimento livre e esclarecido que contém os princípios da autonomia, beneficência, não maleficência, justiça e equidade. Os participantes da pesquisa tiveram sua integridade emocional e física preservadas, direito à livre desistência, sigilo e confidencialidade das informações e identificações concedidas, tendo acesso a estas informações. Os dados foram utilizados unicamente para fins da pesquisa. Os dados foram tratados pela estatística descritiva apresentados em tabelas com média e desvio padrão e foram fundamentados conforme literatura pertinente ao tema.
Resultados e Discussão
O aleitamento materno e o uso de medicamentos tem despertado interesse dos profissionais de saúde, pois o uso indiscriminado pode trazer repercussões para mãe e para o lactente. O uso de medicamentos durante amamentação requer cuidados e deve ser acompanhada com proximidade pelos profissionais de saúde.
Tabela1. Descrição das características das nutrizes de uma unidade hospitalar.
Variável (n=137) |
N |
% |
Me±DP |
Idade 15 - 19 20 - 35 Acima 36 |
40 86 11 |
29,2 62,8 8,0 |
24,92±7,00 |
Local (n=40) BLH UTIN
Escolaridade (n=40) Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio incompleto Ensino médio completo |
37 3
11 10 12 7
|
92,5 7,5
27,5 25 30 17,5 |
|
Estado civil (n=40) Solteira União consensual Casada Não informou |
19 15 5 1 |
47,5 37,5 12,5 2,5 |
|
|
|
|
|
Do universo de 137 nutrizes, 40 (29,2%) eram adolescentes apresentando idade entre 15 a 19 anos, dessas adolescentes, 37(92,5%) mães foram entrevistadas no Banco de Leite Humano (BLH). Do total da amostra materna juvenil, 11(27,5%) apresentavam ensino fundamental incompleto, 10(25%) ensino fundamental completo, 12(30%) ensino médio incompleto, 7(17,5%) ensino médio completo. Quanto ao estado civil, 19(47,5%) mães eram solteiras, 15(37,5%) estavam em uma união consensual, 5(12,5%) eram casadas e apenas uma não informou seu estado civil.
Tabela 2. Descrição do uso de medicamentos na amamentação e quais eram utilizados pelas nutrizes
|
*Alguns medicamentos foram utilizados por mais de uma nutriz.
Quanto ao fato de ter usado medicamento durante a amamentação, 34(85%) das mães responderam sim e 6 (15%) da amostra responderam não. Dentre os medicamentos mais utilizados temos o sulfato ferroso com 38,2% das mães, dipirona com 35,2%, paracetamol foi consumido por 9 mães, seguido de cefalexina e buscopan que foram utilizados por 4(11,7%) e 3(8,8%) das lactantes, respectivamente.
O uso de medicamentos durante amamentação requer cuidados, pois afeta a saúde da
nutriz e do lactente. No estudo em questão, a maioria das mulheres usaram medicamentos durante o AM e não o interromperam enquanto faziam uso desses compostos medicinais. Os medicamentos prescritos devem ser compatíveis com o período de lactação. Devem-se considerar alguns pontos importantes quando a nutriz faz tratamento medicamentoso, visto que a preparação química provocar alterações fisiológicas na nutriz que faz o seu uso, e na criança que se alimenta dessa mulher, ou seja, o tratamento que as mulheres que amamentam se submetem devem ser eficazes para o seu adoecimento, ao mesmo tempo, não causarem efeitos adversos no lactente (BERLIN; VAN DEN ANKER, 2013).
Conclusão
O estudo permite concluir que o uso de medicamentos durante o período da amamentação é frequente entre as mães adolescentes. Apesar de algumas mães evitarem ingerir qualquer medicamento, mesmo sentido algum problema de saúde, ainda é significativa a quantidade d aquelas que se submetem a terapia medicamentosa tendo como principal fator estimulante, o alívio dos sinais e sintomas recorrentes no período pós-parto como a anemia e a dor.
Esse estudo contribui com a prática clínica dos profissionais de saúde, em particular o enfermeiro, que precisam fazer orientações quanto ao uso de fármacos durante a amamentação, estando sempre baseado na relação risco/benefício, ou seja, até que ponto esse medicamento está servindo para a saúde da mão e não está causando nenhuma alteração biológica ou fisiológica na saúde do bebê.
Referências.
JR.BERLIN, C. M.; VAN DEN ANKER, J. N. Safety during breastfeeding: Drugs, foods, environmental chemicals, and maternal infections. Seminars in Fetal and Neonatal Medicine, v. 18, n. 1, p. 13-18, 2013.
BERTINO, E. et al. Drugs and breastfeeding: instructions for use. Journal of Maternal-Fetal and Neonatal Medicine, v. 25, n. S4, p. 70-72, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília-DF: Ministério da Saúde, 2009.112p.
Série A. Normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Básica, n. 23.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Amamentação e uso de medicamentos e outras substâncias / Ministério da Saúde, Secretaria da Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. - 2. ed. - Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2010.
CHAVES, R. G.; LAMOUNIER, J. A.; CESAR,C.C. Medicamentos e amamentação : atualização e revisão aplicadas à clínica materno-infantil. Rev Paul Pediatr, v. 25, n. 3, p. 276-288, 2007.