O TRABALHO VOLUNTÁRIO EM UM LAR DE IDOSOS

LUSIANA MOREIRA DE OLIVEIRA

Co-autores: JULIANA CUNHA MAIA, INGRIDY DA SILVA MEDEIROS, ADNA REGADAS ARAÚJO, ADRIELLE OLIVEIRA AZEVEDO e JANAINA FONSECA VICTOR COUTINHO
Tipo de Apresentação: Pôster

Resumo

Introdução

A experiência da participação em trabalhos voluntários vem fazendo diferença no meio social. É definido por Araújo (2008) como um trabalho social sem remuneração junto ao setor privado ou público realizado por um conjunto  de indivíduos que visa o bem estar das pessoas. Portanto, o voluntariado vem evoluindo com o passar dos anos e hoje ele está cada vez mais organizado e profissionalizado. Esse tipo de atividade colabora com instituições que servem de apoio e referência para a comunidade, tendo em vista a necessidade da colaboração dos indivíduos de diversas áreas para otimizar a qualidade dos serviços prestados. Assim, o Brasil sofre uma transição demográfica em sua população, visto que o aumento estimado da sua população idosa será de 15 vezes, aproximadamente, entre 1950 e 2025, o que colocará o País na sexta colocação no ranking de população de idosos do mundo, em números absolutos. (KALACHE, A.; VERAS, R. P.; RAMOS, L. B. 1987) Nessa perspectiva, o envelhecimento não pode ser resumido apenas a uma faixa etária, mas pode ser entendido a partir das alterações fisiológicas, biológicas e sociais que são intrínsecas a cada pessoa. Dessa forma, o trabalho voluntário em um lar de longa permanência, que é definido pela Anvisa como instituições governamentais ou não-governamentais, de caráter residencial, destinadas a domicilio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos que tenham ou não suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania, de idosos permite crescimento pessoal do indivíduo que presta o cuidado, assim como contribui positivamente para o serviço prestado. Esse trabalho teve como objetivo relatar a experiência a partir do trabalho voluntário em uma instituição de longa permanência de idosos.

Metodologia

Estudo do tipo relato de experiência. A partir da realização do voluntariado de acadêmicas da área da saúde em visitas durante os finais de semana a um lar de longa permanência de idosos no município de Fortaleza-CE no período de abril e maio com aproximadamente 20 idosos, sendo em sua maioria do sexo feminino. Foram realizadas, durante as visitas, leituras de textos escolhidos pelos idosos, além da prestação de cuidados, entrega de flores para comemoração do dia das mães e relacionamento terapêutico. Os aspectos éticos foram respeitados de acordo com a Resolução 466/12.

Resultados e Discussão

É notória a importância do trabalho voluntário tanto para o desenvolvimento pessoal quanto para a melhora do serviço. A motivação para realiza-lo vai  desde a assistência, voltada em sua maior parte para o individuo receptor dos cuidados, e pessoal, que muitas vezes pode ser explicada como uma sensação de dever cumprido perante a sociedade, além de retorno pessoal (Araújo, 2008). Muitos dos idosos que estavam na instituição não recebiam visitas e nem suporte dos seus familiares, o que os deixavam com mais necessidade de conversar, contar as angustias, assim como contar as alegrias diárias. O primeiro contato com os idosos serviu para conhecer as necessidades e as peculiaridades de cada um, além das atividades que eles mais gostavam de realizar. Posteriormente, com as realizações das visitas, foram sendo prestados cuidados mais diretos a cada idoso, além da leitura de histórias que eles mais se interessavam. Na data comemorativa referente ao dia das mães, foi realizada a entrega de flores a cada idosa para que elas se sentissem mais acolhidas naquele ambiente, visto que muitas não recebem visitas de filhos ou parentes. O relacionamento terapêutico foi utilizado em todas as visitas, pois uma das principais necessidades deles era a conversa. Foi executado o levantamento das principais necessidades da instituição e dos cuidadores com o intuito de direcionar a prática de futuras atividades. Durante o relacionamento terapêutico desenvolvido e a leitura de textos foi perceptível a interação dos idosos e o contentamento que eles demonstravam com cada voluntário. Na nossa chegada em cada fim de semana na instituição somos sempre recebidos com sorrisos e com música. A escuta terapêutica também foi de extrema importância, visto que as pessoas idosas gostam de narrar suas histórias, as quais são essenciais para se conhecer um indivíduo. Durante a entrega das flores como símbolo de afeto e respeito, algumas idosas se emocionaram e nesse momento fornecemos um abraço e um aperto de mão e sentamos ao lado para que elas se sentissem a vontade para expressar suas emoções, as quais em sua maioria eram de agradecimento. Nesse contexto, escutar terapeuticamente se revela como uma estratégia essencial para compreender o indivíduo em sua totalidade, visto que é uma atitude positiva de calor, interesse e respeito, além de ser terapêutica (BENJAMIM, A. A. 1983). Escutar o que o paciente tem a dizer significa reconhecer e o sofrimento, pois o ato de ouvir assume que há algo para se ouvir e dessa forma, se oferece a oportunidade de falar (FASSAERT, T.; DULMEN, S.; SCHELLEVI, F.; BENSING. 2007). Além disso, a escuta é um instrumento essencial para obtenção de informações, servindo de auxílio para que o profissional venha conhecer o individuo que recebe os cuidados (STEFANELLI, M.C.; CARVALHO, E. C. 2012).

 

Conclusão

Portanto, por meio dessa experiência, podemos notar a importância do trabalho voluntário para melhorar a sociedade em que vivemos. Ainda, ele é uma ferramenta crucial para prestação de serviços em benefício ao próximo tendo como recompensa o bem-estar social. O ato de escutar terapeuticamente deve ser utilizado como instrumento na busca por informações, para que o melhor cuidado possa ser fornecido ao indivíduo, além de que ele pode ser usado para mostrar ao outro o quanto ele é essencial e que as suas queixas têm importância para quem está escutando. 

Referências

ARAUJO, J.M. Voluntariado: na contra mão dos direitos sociais. São Paulo: Cortez, 110 Interface Tecnológica, v.7 - n.1, 2008.

ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada, 283, de 26 de setembro. Disponível em: <www.portalsaude.gov.br>  [Links]

BENJAMIM, A. A. Entrevista de ajuda. São Paulo: Martins Fontes; 1983.

FASSAERT, T.; DULMEN, S.; SCHELLEVI, F.; BENSING.; J. Active listening in medical consultations: development of the Active Listening Observation Scale (ALOS-global). Patient Educ Couns. V. 68, n. 3 p. 258-64. 2007

KALACHE, A.; VERAS, R. P.; RAMOS, L. B. O envelhecimento da população mundial: um desafio novo. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 21, n. 3, p. 200-210, 1987

STEFANELLI, M.C.; CARVALHO, E. C. A comunicação nos diferentes contextos da Enfermagem. 2ª ed. Barueri: Manole. p. 77-109, 2012.