OFICINAS EDUCATIVAS COM FAMILIARES E CRIANÇAS QUILOMBOLAS

MARIA EDINIR DE ALMEIDA

Co-autores: LETICIA OLIVEIRA DE MELO, ENA JATOBÁ SANTANA, INGRID MARTINS LEITE LÚCIO, ADRIANA SOUSA CARVALHO DE AGUIAR e MARIA EDINIR DE ALMEIDA
Tipo de Apresentação: Pôster

Resumo

 

II SIEPS

                                                                        XX ENFERMAIO

              I MOSTRA DO INTERNATO EM ENFERMAGEM

 

                                       Fortaleza - CE

                               23 a 25 de Maio de 2016

 

 

OFICINAS EDUCATIVAS COM FAMILIARES E CRIANÇAS QUILOMBOLAS

Leticia Oliveira de Melo1, Ena Jatobá Santana2, Ingrid Martins Leite Lúcio3, Adriana Sousa Carvalho de Aguiar4, Maria Edinir de Almeida5

 

 

edinyalmeida@gmail.com

 

EIXO III: ENFERMAGEM, SAÚDE E SOCIEDADE: ENCONTRO NOS TERRITÓRIOS

 

 

Introdução


As comunidades quilombolas são comunidades constituídas por descendentes de escravos que, no processo de resistência e luta contra a escravidão, originaram grupos sociais ocupando um território comum e compartilhando características culturais até os dias de hoje (ALMEIDA,1989).

Para o Ministério da Saúde, a política de inclusão da população quilombola inicia-se, efetivamente, em 2004 com a Portaria n.º 1.434, de 14/7/2004, que criou um incentivo para a ampliação de equipes de estratégia da saúde da família para as comunidades quilombolas (BRASIL, 2004).

Quando se pensa nas comunidades quilombolas e seu acesso às políticas de saúde, não há como fechar os olhos ao grave problema das crianças. As comunidades, em sua maioria, caracterizam-se pela forte relação com o meio ambiente. As famílias destas comunidades vivem da agricultura de subsistência, sendo a atividade econômica baseada na mão de obra familiar, para assegurar os produtos básicos para o consumo. As crianças aprendem a lidar na roça desde muito tenra idade. As condições sanitárias destas populações são insuficientes; a maior parte não possui água tratada e nem esgoto sanitário (BRASIL, 2005).

Nos escassos estudos encontrados, as condições de nutrição e saúde das crianças de 6 a 59 meses de 39 comunidades remanescentes dos quilombos foram descritas onde se detectou que a desnutrição crônica foi mais prevalente, sendo esse desvio antropométrico identificado pelo déficit de estatura, seguido pelo sobrepeso, a despeito do perfil de pobreza predominante (FERREIRA et.al, 2011; JESUS et.al, 2014).

Diante disso o objetivo deste trabalho é relatar a experiência de oficinas educativas realizadas com familiares e crianças quilombolas remanescentes do primeiro quilombo do Brasil.

 

 

Metodologia


Estudo descritivo, tipo relato de experiência de oficinas realizadas na comunidade quilombola do Muquém localizada no município de União dos Palmares-AL, com familiares e crianças quilombolas por discentes do Mestrado Acadêmico e da graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Alagoas no período de Janeiro a Março de 2016, na unidade de Estratégia de Saúde da Família, por meio de oficinas A população foi constituída de familiares e crianças quilombolas, com uma média de 25 por oficina, previamente convidados a participar das oficinas pelos Agentes Comunitários de Saúde e estudantes. Este estudo faz parte das atividades do Projeto Universal "Estudo epidemiológico da saúde da população de remanescentes quilombolas do primeiro quilombo do brasil" aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa através do protocolo nº: 52792816.8.0000.5013.

 

 

 

Resultados e Discussão


O acompanhamento das crianças pela Estratégia de Saúde da Família é visto como uma das ações mais importantes para a redução do coeficiente de mortalidade infantil e seus componentes para o alcance de melhor qualidade de vida O acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento são ações básicas que devem permear toda a atenção à criança (BRASIL, 2012).

Sendo assim, a ESF tem o enfermeiro como um importante membro da equipe multidisciplinar, o que tem aumentado o campo de crescimento e reconhecimento desse profissional, sendo um componente ativo no processo de consolidação da estratégia de forma integrada e humanizada da saúde.

            Nesse sentido foram realizadas oficinas semanais na Unidade Básica de saúde da comunidade para promover saúde com os temas: higiene e alimentação saudável, amamentação, prevenção de acidentes/violência infantil, saúde bucal, doenças prevalentes na infância e imunização.

A metodologia se fundamentou na educação popular em saúde. Foram realizados encontros abordando diversos temas relacionados à saúde da criança. Para cada tema utilizou-se dinâmicas diferenciadas para promover o debate e a troca de experiências entre as pessoas da comunidade, discentes e docentes.

Fomentou-se a reflexão crítica por parte dos discentes sobre seu papel na promoção da saúde, visando à formação de sujeitos autônomos. Outro aspecto positivo foi a visualização de um espaço de diálogo, no qual puderam refletir sobre seu cotidiano, esclarecer dúvidas e trocar conhecimento.

 

 

Conclusão


A experiência possibilitou perceber a potencialidade das oficinas educativas, enquanto instrumento para o fortalecimento dos indivíduos como sujeitos autônomos e protagonistas de sua história, bem como contribuir para saúde desta população que ainda vive em condições de saúde precárias e muitas vezes não possui acesso aos serviços de atenção básica de saúde.

 

 

Referências


ALMEIDA, A. W. B. Terras de Preto, terras de santo, terras de índio: uso comum e conflito. Revista do NAEA, nº 10, Belém, UFPA,1989.

 

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Nº 1.434/GM de 14 de julho de 2004. Define mudanças no financiamento da atenção básica em saúde no âmbito da estratégia Saúde da Família, e dá outras providências. Diário Oficial da União (DOU). 2004.

 

BRASIL, M.S. Cadernos de Atenção Básica de Saúde. Saúde da Criança: Crescimento e Desenvolvimento. Brasília, 2012.

 

BRASIL. 60 Territórios. Programa territórios da cidadania. Matriz de Ações do Governo Federal / Ministério da Saúde, Funasa/MS, 2005.

 

FERREIRA HS et. al. Nutrição e saúde de crianças quilombolas. Brasil. Rev Panam Saúde Publica[Internet]. 2011.

 

JESUS, V.S et.al. Saúde da criança remanescente quilombola:uma retrospectiva bibliográfica. Rev. Digital. Buenos Aires: 2014.