ATENÇÃO INTEGRAL Á SAÚDE DA CRIANÇA NA CRECHE/PRÉ-ESCOLA: CUIDAR E EDUCAR
Mariana Gomes de Oliveira1, Leticia Oliveira de Melo2, Ingrid Martins Leite Lúcio3, Adriana Sousa Carvalho de Aguiar4, Leidiane Matias de Lima Pinheiro5, Maria Edinir de Almeida
Leide_mlp@hotmail.com
EIXO II. SABERES E PRÁTICAS DA ENFERMAGEM EM DIFERENTES CONTEXTOS LOCAIS, NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Introdução
A atenção integral à saúde na educação infantil se baseia na promoção, prevenção e diagnóstico precoce de situações que impliquem em prejuízos para o pleno desenvolvimento da criança. Para isso, torna-se imprescíndivel o esforço conjunto da família, profissionais da educação e saúde e das diversas organizações governamentais ou não (OLIVEIRA, 2015).
Assim, na especificidade do cuidado em saúde na instituição educacional não é possível separar as atitudes e os procedimentos dos cuidados que visem à educação, das atitudes e conhecimentos que visem à promoção da saúde, assim como não é possível separar o biológico, do cultural e afetivo (MARANHÃO, 2000).
O enfermeiro, como profissional do cuidado, historicamente vem desempenhando importante papel no cuidado de crianças em creches e pré-escolas. A literatura tem demonstrado as possibilidades e os limites desta inserção, apontando à necessidade deste profissional nortear sua prática, nestes locais, em referenciais atuais da educação infantil e da promoção da saúde (TONETE; PARADA, 2008).
Considerando que, no Brasil, os cursos de graduação conferem ao enfermeiro a qualificação para o cuidado integral da criança desde a sua concepção, atuando na avaliação de crescimento e desenvolvimento, assistindo à criança e sua família na promoção da saúde, prevenção de doenças e educação em saúde, a creche representa um local com grandes potencialidades para a atuação do enfermeiro, visto que no contexto das ações que envolvem o cuidar e o educar na instituição infantil, é necessário que o planejamento e a supervisão das ações sejam resultado de um trabalho coletivo de natureza multiprofissional (OLIVEIRA, 2013).
O presente estudo é fruto de uma dissertação de mestrado em Enfermagem, vinculada ao PPGENF/UFAL e objetiva caracterizar a atenção à saúde da criança na educação infantil a partir de saberes e práticas dos educadores.
Metodologia
Estudo qualitativo, realizado no VII Distrito Sanitário de Maceió, no período de abril a setembro de 2014. A coleta foi realizada por meio da observação qualitativa, registro fotográfico e entrevista com roteiro semiestruturado. Os dados foram analisados a partir da análise temática de conteúdo. Os sujeitos foram 19 educadores da educação infantil. Categorias analisadas: Saberes e práticas do educador infantil; o cuidar-educar a criança na creche/pré-escola e educação infantil. Esta pesquisa garantiu os princípios éticos que envolvem seres humanos de acordo com as normas da Plataforma Brasil, Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), visto que o projeto com Certificação para Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) 23294413.1.0000.5013 foi aprovado em 27 de maio de 2013, com parecer n◦: 560.971.
Resultados e Discussão
Percebe-se que as práticas de cuidado necessárias à manutenção e recuperação da saúde infantil devem ser implementadas na medida em que os profissionais tenham sido capacitados para isso, o que torna evidente a necessidade de que a formação das educadoras de creche e pré-escola contemple esse componente do cuidado (ALVES; VERÍSSIMO, 2007).
Na fala dos participantes do estudo o cuidado com a criança está associado a um sentimento de responsabilização e afeto pela criança, principalmente por ser uma fase de formação; entretanto, o educador revela que o cuidado é interpretado pela sociedade como um ato que não precisa de conhecimento para ser executado, o que remete a visão de um cuidado estritamente assistencialista, desvinculado do educar.
Fazendo uma analogia com a integralidade do cuidado na perspectiva de uma visão holística, ressalta-se que, embora os educadores reforcem a necessidade de integrar o cuidar e o educar para dar sentido pedagógico à prática do educador infantil em contraposição ao caráter assistencial; reconhecem que na prática a hierarquia profissional entre os educadores que acompanham a criança na sala de aula pode revelar uma visão fragmentada da atenção à criança, o que pode ser inferido quando o sujeito coloca que o professor cuida da parte da educação, conotando o cuidar da cabeça à aprendizagem, enquanto que os auxiliares de sala, identificados pelo sujeito como educadores de apoio, restringem-se aos cuidados com o corpo da criança.
Foi possível observar que a mesma criança que frequenta a creche está sendo cuidada de forma fragmentada, ora pela família, ora pela unidade de saúde e ora pela instituição de educação infantil. Tais equipamentos sociais não dialogam, repercutindo na ausência de resolutividade e continuidade do cuidado.
Além disso, muitos problemas passam despercebidos, prevalecendo os de ordem biológica como o foco da atenção. A construção de responsabilidades e práticas de saúde referentes à criança é um grande desafio no âmbito da creche e pré-escola. Assim, torna-se necessário reafirmar a necessidade de considerarmos, em qualquer nível de formação dos educadores infantis das creches, a inclusão de conhecimentos sobre a atenção integral a saúde da criança.
Conclusão
Educar e cuidar são atividades imprescindíveis para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, físico e linguístico da criança, sendo esta relação essencial para a formação da criança já nos primeiros anos de vida, visto que são determinantes de todo o processo físico, emocional, social e moral que cada um irá traçar no decorrer de sua história de vida. Deve-se potencializar a qualidade da Educação Infantil, pois só há educação integral com envolvimento dos diferentes profissionais.
O enfermeiro contribui com o fortalecimento dos saberes e práticas que integram o cuidar e educar na atenção infantil por meio da interdisciplinaridade sob a lógica da promoção da saúde. Diante do exposto, revelamos a necessidade da integração dos saberes entre educadores e profissionais da saúde, não apenas enfermeiros, na luta por um processo educativo em saúde que valorize a integralidade do cuidado, em detrimento de uma prática fragmentada.
Referências
1. ALVES, R.C.P; VERÍSSIMO, M.R.L.O. Os educadores de creche e o conflito entre cuidar e educar. Revista Brasileira Crescimento Desenvolvimento Humano., São Paulo, SP, v.17, n.1, p.13-25, 2007.
2.MARANHÃO, D.G. O cuidado como elo entre saúde e educação. Cad Pesqui., São Paulo, SP, n.111, p. 115-133, dez, 2000.
3. OLIVEIRA, P.R. O papel do enfermeiro no processo educativo em saúde na educação infantil: concepções de educadores e enfermeiros. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso. Programa de Pós-graduação em Educação, Cuiabá, 2013.
4. OLIVEIRA, M.G. atenção à saúde da criança na creche e pré-escola:
Saberes e práticas de educadores. Dissertação (Mestrado)- Universidade Federal de Alagoas. Programa de Pós-graduação em Enfermagem, 2015.
5. TONETE, V.L.P.; PARADA, C.M.G.L. Representações sociais de educadoras infantis sobre o cuidar e o educar: a interface com a saúde. Cienc Cuid Saúde., v. 7, n. 2, p. 199-206, 2008.