CUIDADOS DE ENFERMAGEM E A VENOPUNÇÃO PERIFÉRICA EM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS

LEIDIANE MATIAS DE LIMA PINHEIRO

Co-autores: ERIKA MARIA ARAÚJO BARBOSA DE SENA, INGRID MARTINS LEITE LÚCIO, MÁRCIA MARIA COELHO OLIVEIRA LOPES, PATRÍCIA DE CARVALHO NAGLIATI, ADRIANA SOUSA CARVALHO DE AGUIAR e LEIDIANE MATIAS DE LIMA PINHEIRO
Tipo de Apresentação: Pôster

Resumo

II SIEPS

                                                                        XX ENFERMAIO

              I MOSTRA DO INTERNATO EM ENFERMAGEM

 

                                       Fortaleza - CE

                               23 a 25 de Maio de 2016

 

 

CUIDADOS DE ENFERMAGEM E A VENOPUNÇÃO PERIFÉRICA EM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS

 

Erika Maria Araujo Barbosa de Sena1, Ingrid Martins Leite Lúcio2, Márcia Maria Coelho Oliveira Lopes3, Patrícia de Carvalho Nagliati2, Adriana Sousa Carvalho de Aguiar4, Leidiane Matias de Lima Pinheiro5


 

Leide_mlp@hotmail.com

 

 

EIXO II. SABERES E PRÁTICAS DA ENFERMAGEM EM DIFERENTES CONTEXTOS LOCAIS, NACIONAIS E INTERNACIONAIS

 

 

Introdução


No contexto atual, tem-se aumentado a taxa de sobrevivência de recém- nascidos (RN) de prematuridade extrema, alertando-se para o elevado custo que esta assistência neonatal representa, além daqueles relacionados aos cuidados pós-alta de RNPT portadores de sequelas. No ambiente de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), muitos são os estímulos e procedimentos direcionados aos recém-nascidos prematuros (RNPT), incluindo a venopunção periférica (RODRIGUES; BOLSONI-SILVA, 2011).

A punção venosa é caracterizada pela inserção de um dispositivo no interior de um vaso, que pode ser ou não fixado à pele do paciente e, em caso de sua permanência, requer cuidados e controle periódico podendo sua localização ser periférica ou central, de modo que a primeira é a mais utilizada na prática clínica atual.No que diz respeito ao RNPT, a limitação de sua rede venosa condicionada pelo corpo ainda em fase de desenvolvimento, além de aspectos específicos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção de drogas, tornam este acesso um dos procedimentos mais difíceis de se realizar neste tipo de clientela (LIMA, 2013).

Trata-se do procedimento invasivo mais comum realizado entre pacientes hospitalizados, não estando livre de riscos. Em se tratando de RNPT, o mesmo pode ser dificultado pela gravidade do quadro clínico, o que inclui a prematuridade. Com isso, torna-se um desafio para os profissionais executantes a minimização da dor e sofrimento do RNPT submetido àquele procedimento (PACHECO et al., 2012). Reconhecido o impacto deste contato excessivo ao RNPT, destaca-se a vertente de seu preparo, diante de procedimentos dolorosos.

O presente estudo é fruto de uma dissertação de mestrado em enfermagem, vinculada ao PPGENF/UFAL e objetiva relacionar a atenção voltada pelo profissional às manifestações do RNPT, antes, durante e após a venopunção periférica, e verificar as medidas de promoção do conforto e minimização da dor em relação a esse procedimento em RNPT.

 

 

Metodologia


Estudo descritivo, qualitativo, desenvolvido na Unidade Neonatal de um Hospital Público de Maceió/Alagoas, entre abril e setembro de 2014, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, segundo o parecer nº 608.622. Participaram 42 profissionais da equipe de enfermagem desta Unidade, sendo aplicada entrevista semi-estruturada e diários de observação não-participante.

O formulário de entrevista semiestruturado compôs-se de questões concernentes à: caracterização do profissional de enfermagem; concepções acerca da enfermagem em neonatologia; entendimento sobre segurança do paciente; indicações, vantagens, desvantagens da venopunção periférica; fundamentação teórica; preparo do RNPT para procedimento doloroso; cuidados durante a venopunção; suas complicações; satisfação profissional.

Através da observação do tipo não-participante, junto à profissional executante do procedimento de venopunção periférica em RNPT,  as impressões do cuidado puderam ser registradas em diários de campo, permitindo à pesquisadora atentar às características do RNPT exposto ao procedimento e aos aspectos a este relacionados, a citar: princípios de biossegurança; dificuldades enfrentadas; presença de complicações e cuidados ofertados diante destas.

 

 

Resultados e Discussão


Percebe-se que a maioria das entrevistadas realizadas com os profissionais preocupa-se com o preparo do RNPT para procedimentos dolorosos, selecionando local seguro e iluminado. Atenta-se às características individuais daquele, analisando sua rede venosa e enfatizando algumas técnicas não-farmacológicas referentes à humanização da assistência de enfermagem: acalmá-lo, confortá-lo; aquecê-lo; ofertar glicose a 25% e sucção não nutritiva; garrotear o membro sem utilizar luvas.

Toda a amostra referiu atenção às manifestações do RNPT, durante a venopunção periférica, identificando choro, enrugamento da testa, expressões faciais, dispneia, fáceis de dor, parada cardiorrespiratória, regurgitação, cianose central e letargia como sinais indicativos da necessidade de cuidado.

Tratando-se de medidas promotoras de segurança ao RNPT, durante o procedimento, obtiveram-se: monitorização de saturação e freqüência respiratória; disponibilização de oxigênio e vácuo, em proximidades do leito do RN. Acrescenta-se que, sozinho, o profissional encontrará dificuldades para atender às necessidades demandadas pelo procedimento. Evidenciaram-se a sinalização não-verbalizada e a escala de avaliação da dor do RNPT.

Diante das manifestações, as participantes referiram: interrupção do procedimento; prestação de cuidados às especificidades da intercorrência; estabilização e posicionamento do RN; convocação de enfermeiro e/ou médico plantonista.

Enquanto isso, ao término do procedimento, as medidas de conforto relatadas consistiram em: manutenção do RNPT em posição confortável, limpo e aquecido; aproximação da genitora; oferta de dieta, quando possível.

 

 

Conclusão


Destacam-se, portanto, sinais de sensibilidade revelados por cada profissional, oferecendo carinho ao RNPT e amenizando o seu sofrimento. A própria demanda de atividades do setor não as impede de agir com sutileza e preocupação, e de adotar comunicação com o RNPT.

A adoção de medidas de promoção do conforto e minimização da dor do RNPT obteve destaque durante a fase que antecede o procedimento, sendo amenizado o quantitativo de relatos a respeito ao se tratar do momento da venopunção, propriamente dita. Tratando-se dos recursos utilizados para a prestação destes cuidados, destacou-se a adoção das seguintes medidas não-farmacológicas: oferta de glicose (maior relevância), posicionamento do RN, conforto, enrolamento, aquecimento e exposição única da área a ser puncionada. Durante relatos isolados, também se fez presente a figura da genitora.

Pôde-se reconhecer, portanto, nas profissionais participantes deste estudo, o interesse por prestação de cuidados de enfermagem revestidos de qualidade, não limitados ao cumprimento de atividades.

Independente do cargo ocupado e do vínculo estabelecido com a Instituição, tornou-se possível caracterizar, no grupo estudado, uma assistência individualizada, de qualidade, alcançada mediante interesse por se transpor às dificuldades ora encontradas, seja relacionadas ao RNPT, seja proporcionadas pela dinâmica do serviço. A sutileza com que representantes destes sujeitos se referiam ao público-alvo de sua assistência reafirma a importância que é dada à oferta de cuidado diferenciado àqueles que apresentam tamanhas particularidades.

 

Referências


 

1. LIMA, A. C. Complicações relacionadas à terapia intravenosa periférica em adultos cardiopatas internados. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-oeste, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2013.

 

2. RODRIGUES, O.M.P.R.; BOLSONI-SILVA, A.T. efeitos da prematuridade sobre o desenvolvimento de lactentes. Rev. Bras. Cresc. e Desenv. Hum, v. 21, n.1, p.111-121, 2011.

 

3. PACHECO, S. T. A.; SILVA, A. M.; LIOI, A.; RODRIGUES, T. A. F. O cuidado pelo enfermeiro ao recém-nascido prematuro frente à punção venosa. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v.20, n.3, p.306-311, 2012.