PRODUÇÃO DO CUIDADO NO CAPSad E COMUNIDADE TERAPÊUTICA PARA REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL: REPRESENTAÇÕES DOS USUÁRIOS.
Norma Faustino Rocha Randemark 1
Willam Américo Girão2
1 Enfermeira, psicóloga. Doutora em enfermagem (EEUSP/2009). Docente do Colegiado de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará na área de saúde mental. email: nrandemark@hotmail.com
2 Aluno do curso de graduação em enfermagem da Universidade Estadual do Ceará. Bolsista do Programa Voluntário de Iniciação Científica (PROVIC/UECE). email: willam_ag@hotmail.com
INTRODUÇÃO: O abuso de álcool e outras drogas representa um problema de relevância mundial com graves repercussões sociais. Apesar da sua prevalência mundial sobre a população jovem, o ultimo Relatório Mundial sobre Drogas (2013) aponta uma tendência à estabilidade no padrão de consumo das drogas tradicionais, tais como: álcool, cocaína, heroína, cannabis e o aumento alarmante (50%) do uso de novas substâncias psicoativas, estimulantes do tipo anfetamínicos (ATS), consideradas drogas lícitas cujos efeitos adversos e potencial viciante são, ainda, desconhecidos. No Brasil, paradoxalmente, o relatório supracitado evidenciou o aumento do consumo de cocaína, com prevalência de 1,75% na população geral e 3% entre universitários e o surgimento de novas drogas (NSP), com prevalência de 0,4% para o uso de entre pessoas de 12 a15 anos. Quanto à prevalência do uso e idade inicio observados entre estudantes secundaristas, o Relatório Brasileiro sobre Drogas (2009) evidenciou que a porcentagem de estudantes na faixa etária de 10 a 11 anos com "uso na vida" é expressiva (12,7%) e o VI Levantamento Nacional sobre Consumo de Drogas Psicotrópicas (2010) revelou que 5% dos jovens com 16 anos experimentaram drogas antes de 10 anos de idade, indicando que, em geral, essa exposição ocorre muito cedo. Para o enfrentamento deste problema, o Ministério da Saúde implantou o Programa de Atenção Integral aos Usuários de Álcool e Outras Drogas com ênfase na abordagem psicossocial, para consolidar estratégias de prevenção, tratamento e reabilitação dos usuários mediante fortalecimento da rede de atenção psicossocial e criação de novos equipamentos no território, com destaque para as Comunidades Terapêuticas e Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPSad). (BRASIL, 2004)
OBJETIVOS: Descrever e discutir as estratégias de cuidado integral para a promoção da reabilitação psicossocial e inclusão social de usuários e suas famílias; Identificar e discutir as contradições presentes entre as práticas terapêuticas cotidianas desses serviços e as demandas de saúde dos usuários.
METODOLOGIA: Trata-se de estudo exploratório e descritivo com abordagem qualitativa. Cenários: Comunidade Terapêutica e CAPSad, na cidade de Fortaleza/CE. Sujeitos: Usuários e profissionais de saúde do CAPSad e da Comunidade Terapêutica. Instrumentos e procedimentos: Para este trabalho utilizou-se os achados das entrevistas semiestruturadas realizadas com os usuários dos serviços e submetidos ao Método de Análise do Discurso de Fiorin através das seguintes etapas: leitura atenta e repetida de todo o texto, focalização de figuras e temas, agrupamento dos temas em categorias empíricas e análise, pautada na literatura pertinente, mediante contextualização histórica e social e enfoque nos seus aspectos contraditórios. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa mediante parecer nº 46112/2013 e todos os sujeitos assinaram Termo de Consentimento livre e Esclarecido.
RESULTADOS: Os discursos deixaram entrever que as estratégias de cuidado integral estão centradas em atividades grupais restritas ao âmbito intrainstitucional que funcionam com uma rede de apoio, contribuindo para a elevação da autoestima e bem-estar dos usuários e que priorizam as trocas afetivas sem, contudo, contemplar outros eixos indispensáveis ao processo de reabilitação e inclusão social, tais como: casa, família, mercado/trabalho e rede social. Portanto, observa-se, em ambos os serviços, a necessidade de ampliar as ações de qualificação do cuidado mediante combate ao estigma, promoção da autonomia do usuário e do protagonismo dos sujeitos, família, equipe de saúde e comunidade.
REFERÊNCIAS:
United Nations Offices on Drugs and Crimes (UNIDOC). Relatório Mundial sobre Drogas, 2013 [Internet]. Disponível em: http://www.unodc.org Acesso em: 20/04/2014.
Brasil. Secretaria Nacional de Politicas sobre Drogas; Relatório Brasileiro sobre Drogas: Brasília-/DF; 2009 [Internet]. Disponível em: http://www.obid.senad.gov.br Acesso em: 120/09/2013.
Brasil. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. VI Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio das Redes Pública e Privada de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras: Brasília/DF; 2010 [Internet]. Disponível em: http://www.obid.senad.gov.br Acesso em: 11/11/2012.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. A Politica do Ministério da Saúde para Atenção Integral aos Usuários de Álcool e outras Drogas: Brasília/DF; 2004 [internet]. Disponível em: http://www.obid.senad.gov.br Acesso em: 20/04/2014.