AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA SALA DE PARTO SOB A ÓTICA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

NAYARA SOUSA DE MESQUITA

Co-autores: NAYARA SOUSA DE MESQUITA, HILANA DAYANA DODOU, ALBERTINA ANTONIELLY SYDNEY DE SOUZA, ERYJOSY MARCULINO GUERREIRO BARBOSA e DAFNE PAIVA RODRIGUES
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA SALA DE PARTO SOB A ÓTICA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Hilana Dayana Dodou1

Nayara Sousa de Mesquita1

Albertina Antonielly Sydney de Souza2

Eryjosy Marculino Guerreiro Barbosa2

Dafne Paiva Rodrigue3

INTRODUÇÃO

A deterioração das condições de trabalho produz consequências nefastas, dificultando o desenvolvimento de atividades em direção à produção da saúde e a integralidade. Para os profissionais de saúde, a precarização do trabalho acarreta sobrecarga física e psíquica, desvio de função, pouca possibilidade de desenvolver o trabalho seguindo os parâmetros profissionais e insatisfação profissional (BERTOCINI; PIRES; SCHERER, 2011).  As condições de trabalho inadequadas no setor saúde podem se transformar em acidentes de trabalho, enfermidades profissionais, falta de responsabilidade e iniciativa nas decisões, além de desinteresse pela atividade que executam. Sendo essas condições do ambiente de trabalho os fatores que mais afetam o bem-estar e saúde dos profissionais e a forma como o trabalho é desenvolvido, faz-se necessário estudar de que forma tais espaços vem se consolidando no âmbito da saúde, e quais as condições de trabalho que vem sendo oferecidas.

OBJETIVO

Conhecer as percepções dos profissionais de saúde sobre as condições de trabalho na sala de parto.

METODOLOGIA

Recorte de um estudo de natureza descritiva e exploratória com abordagem qualitativa, realizado em uma maternidade pública de atenção secundária, na cidade de Fortaleza, Ceará. Os sujeitos da pesquisa foram nove médicos e quatro enfermeiras com residência ou especialização em obstetrícia e que prestavam assistência na sala de parto. Foi realizada entrevista semiestruturada no período de novembro a dezembro de 2012. Para a análise das entrevistas, utilizou-se a Técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (2011). A pesquisa teve início após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer 24941/2012 e autorização da maternidade. Foram respeitados os aspectos éticos e legais preconizados pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tratamento dos dados confluiu para a criação de duas categorias: "Condições Favoráveis de Trabalho" e "Condições inadequadas de trabalho". Na primeira categoria evidenciou-se 15 unidades de registro. Entre os temas encontrados nos discursos sobre esta categoria estão principalmente: equipe capacitada e trabalho em equipe, estrutura física adequada, política de humanização da instituição e resolutividade do serviço. O trabalho desenvolvido de forma integrada a outros profissionais competentes foi visto como algo positivo em relação as condições de trabalho, uma vez que facilita e valoriza o trabalho de todos. A resolutividade do serviço de saúde foi referida como um fator contribuinte para o trabalho na maternidade, e a filosofia de humanização do parto e nascimento adotada pelo hospital também foi apontada por muitos profissionais como um aspecto positivo e que contribui para um bom ambiente de trabalho. Na segunda categoria foram observadas 39 unidades de registro, e entre os temas mais presentes nos discursos estavam: estrutura física inadequada, falta de condições materiais, demanda grande, equipe despreparada e dificuldades para implementar a humanização da assistência. A estrutura física inadequada da maternidade e da sala de parto foi abordada por muitos entrevistados como sendo uma das principais condições de trabalho que geram insatisfação, uma vez que impossibilita o atendimento adequado dos usuários e dificulta o trabalho desenvolvido. Outras dificuldades referidas foram o acúmulo de funções, que acabava sobrecarregando o profissional, além da falta de materiais e de manutenção nos equipamentos o que dificultava a assistência prestada. A dificuldade para o trabalho em equipe, o despreparo de alguns profissionais para atuarem na obstetrícia e a resistência de alguns para trabalharem com a humanização da assistência também foram apontadas como causas interveniente no trabalho de todos os outros profissionais, uma vez que para se alcançar a tão almejada assistência integral é necessário desenvolver um trabalho interdisciplinar

CONCLUSÃO

Denota-se a importância de mudanças estruturais e organizacionais para que o serviço consiga oferecer condições de trabalho dignas e atender satisfatoriamente toda a demanda que lhe é designada, sem gerar sobrecarga de trabalho para os seus profissionais ou acúmulo de funções. Evidencia-se que apesar da instituição preconizar a humanização da assistência, não oferece todas as condições necessárias para se conseguir realizar um atendimento humanizado, outras vezes, o próprio profissional não se sente sensibilizado ou motivado para realizar um cuidado com base nesse preceito.

REFERÊNCIAS

BERTONCINI, J.H.; PIRES, D.P.; SCHERER, M.D.O. Condições de trabalho e renormalizações nas atividades das enfermeiras na saúde da família. Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, v. 9, supl.1, p. 157-173, 2011.