INTRODUÇÃO
A educação em saúde tem sido valorizada como possibilidade de transformação da prática de atenção à saúde, especialmente no caso das pessoas com doenças crônicas como é o caso da hipertensão arterial sistêmica. Além disso, essa estratégia pode ser desenvolvida como parte integrante do processo de enfermagem, sobretudo como possibilidade de empoderamento do usuário do serviço de saúde.
OBJETIVO
Analisar a percepção da enfermeira sobre a educação em saúde em grupos destinada a usuários com hipertensão arterial.
METODOLOGIA
Trata-se de estudo descritivo, com abordagem qualitativa, desenvolvido com 11 enfermeiras da Estratégia Saúde da Família de Fortaleza - CE. A coleta de dados aconteceu entre os meses de maio e julho de 2010 por meio da realização de entrevista semiestruturada. Os achados foram tratados por meio da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) (LEFÈVRE; LEFÈVRE; 2006; LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005) e, ao final, obteve-se 14 discursos coletivos. A análise de tais discursos foi realizada com base nos modelos de educação em saúde. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará, sob o protocolo nº10030439-7/2010.
RESULTADOS
Com relação ao DSC das enfermeiras, no que tange ao modelo de educação em saúde utilizado nos grupos, foi possível apreender a coexistência de dois tipos básicos: o modelo tradicional, caracterizado basicamente pela verticalização das relações entre educador e educando e pela valorização da transferência de informações provenientes do conhecimento científico; e o modelo radical, pautado no diálogo democrático entre educador e educando e no respeito entre os diferentes saberes presentes no ato educativo. Além disso, ressaltou-se a importância da inclusão do usuário no planejamento das atividades dos grupos, uma tentativa de torná-lo sujeito do processo. As representações obtidas acerca dos sentidos, opiniões e percepções das enfermeiras, em relação às atividades dos grupos, revelaram que tais atividades se mostram bastante proveitosas para o serviço de saúde e, principalmente, para os usuários. Vale ressaltar que, no que se refere à atividade de educação em saúde realizada nos grupos, o imaginário social das enfermeiras a apresentou como o principal cuidado de enfermagem realizado na Estratégia Saúde da Família e que tal característica se deve, e muito, à formação obtida pela graduação.
CONCLUSÃO
Sugere-se a educação em saúde realizada em grupo como um relevante instrumento a ser utilizado como parte do processo de enfermagem com intuito de promover o autocuidado, incrementar a qualidade de vida e, destarte, possibilitar a promoção da saúde dos usuários dos serviços de saúde, mais até do que as atividades educativas realizadas individualmente. Destaca-se que a realização do trabalho educativo nos grupos de educação em saúde, pode incentivar a troca de conhecimentos e o compartilhamento de experiências, que podem acabar por contribuir na mudança de concepções acerca do processo saúde-doença.
REFERÊNCIAS
LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. Discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). 2 ed. Caxias do Sul: Educs, 2005. 256 p.
LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. O sujeito coletivo que fala. Interface - Comunic, Saúde, Educ., v.10, n.20, p.517-24. 2006.