CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: CARTOGRAFIA DA REDE DE ATENÇÃO EM FORTALEZA-CEARÁ-BRASIL
Vanessa da Frota Santos1
Nathália Lima Pedrosa2 Samyla Citó Pedrosa3 Ana Zaiz Teixeira de Carvalho4
INTRODUÇÃO:
A compreensão do que é "real", em uma prática cotidiana de um serviço ou até mesmo na vida pessoal de alguém, é uma tarefa que exige além de técnicas e saberes estruturados, exige desprendimento, doação e sensibilidade. A cartografia acompanha os movimentos desse processo, mergulhando nas diversidades para captar e expressar sentidos que estão enraizados e atrelados ao ser humano1. O processo de viver não é algo estanque ou imóvel, e sim mutável, com valores, subjetividades e vivências embutidas neste processo. O cuidado deixa de ser apenas um procedimento ou uma intervenção para ser uma relação onde a ajuda é no sentido da qualidade do outro ser ou de vir a ser, respeitando-o, compreendendo-o, tocando-o de forma mais afetiva2.
OBJETIVO:
Compreender a partir do itinerário de um usuário em ambos os serviços como se dá a articulação entre os Centros de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e a Atenção Básica (AB) na busca da resolubilidade da atenção à saúde.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo de caso exploratório e descritivo com abordagem qualitativa. O sujeito do estudo foi um usuário de 25 anos, com diagnóstico de Esquizofrenia, bem como, os familiares e os trabalhadores de saúde dos referidos serviços. Os dados foram coletados através da entrevista semi-estruturada e a observação sistemática. Utilizou-se para análise o fluxograma analisador de Merhy e a hermenêutica de Paul Ricoeur para compreensão dos discursos. O presente trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEPE) da Universidade Estadual do Ceará, aprovado e protocolado sob o número: 10030517-2.
RESULTADOS:
Os resultados revelaram, que os profissionais da AB e do CAPS analisados neste estudo reconhecem a AB como um espaço privilegiado e uma oportunidade de se construir uma prática eficaz de cuidado aos usuários com transtornos mentais, porém, ainda há uma tendência de se fazer saúde mental "intra-muros", ou seja, as ações estão pautadas nas especialidades e nas práticas de cada profissional isoladamente3. Este modo de agir está em consonância com o território existencial de cada trabalhador e leva em conta a formação e disponibilidade para com as questões da saúde mental. Em ambos os cenários, os profissionais reconhecem as fragilidades na articulação da rede e apontam o apoio matricial como uma possível ferramenta capaz de contribuir para mudanças positivas das práticas de saúde mental.
CONCLUSÃO:
Para que haja mudanças no plano das ações de saúde mental de forma compartilhada e integrada, torna-se fundamental o processo de desterritorialização de cada trabalhador, para que se pense no espaço do outro, não como uma local de distribuição de tarefas, mas como um espaço promissor de articulação e de compartilhamento de experiências.
REFERÊNCIAS:
1. Rolnik, S. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. Porto Alegre: Sulina; UFRGS, 2006.
3.Dimenstein, M. A reorientação em saúde mental: sobre a qualidade e humanização da assistência. Psicologia Ciência e Profissão . Brasília, v.24, n.4, p. 112-124. 2004.