Introdução: A mortalidade neonatal reflete as condições de saúde e socioeconômicas da população, podendo estar diretamente relacionada às práticas do pré-natal. O óbito neonatal é aquele que ocorre antes do vigésimo oitavo dia de vida dividindo-se em neonatal precoce, período que antecede o sétimo dia de vida e neonatal tardio, quando o óbito ocorre entre o sétimo e o vigésimo sétimo dia de nascimento (BRASIL, 2012). É relevante que a gestante, sabendo da necessidade de fazer o pré-natal, seja assistida por um profissional de saúde capacitado, para que o mesmo possa direcioná-la aos cuidados necessários, prevenindo intercorrências para a paciente e o concepto. Segundo Schoeps et al (2007), o efeito negativo da assistência pré-natal inadequada ou ausente sobre a mortalidade neonatal precoce pode ser resultante da não detecção e tratamento de condições adversas da gestação. Sendo assim, é essencial a adoção de medidas para a prevenção de óbitos evitáveis pelos serviços de saúde. Objetivo: objetivou-se analisar as condições da assistência do pré-natal evidenciadas por mulheres que perderam seus filhos no período neonatal, na cidade de Fortaleza-CE, no ano de 2009, a partir de informações obtidas através de entrevistas no domicílio de cada participante. Metodologia: o presente estudo caracteriza-se como epidemiológico, transversal, de natureza quantitativa. Fizeram parte do estudo 132 mães de recém- nascidos vivos que morreram antes de completar 28 dias de vida; não gemelares; com o peso maior que 500 gramas; nascidos de parto hospitalar em Fortaleza e que residiam na capital. A pesquisa foi realizada no período de setembro de 2010 a março de 2011, por meio de um formulário sócio-demográfico, cartão de pré-natal e certidão de óbito do neonato. Teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Maternidade Escola Assis Chateaubriand N°78/10. Durante a coleta de dados foram observados os principais dados referentes às informações que porventura estiveram associação com os óbitos neonatais. Resultados: Assim, os resultados mostraram que a média da idade materna encontrada foi de 27,4 anos (DP = 6,725), com valor mínimo de 16 anos e máximo de 46; 77,7% ganhavam menos do que dois salários mínimos e 71,2% tinham mais de quatro anos de estudo. Quanto aos dados obstétricos, prevaleceu a idade gestacional inferior a 37 semanas em 67,2% dos casos; sendo que 68% tinham ficado grávidas pela primeira vez; 49,6% haviam realizado o pré-natal na atenção básica, pelo profissional médico em 63% dos casos. 79% das mulheres entrevistadas tiveram um número de consultas de pré-natal maior que quatro, porém, 58% não foram referenciadas para o parto e 31,1% relataram dificuldade para dar início ao seu pré-natal. Assim, o pré-natal foi considerado inadequado para 80 mulheres participantes do estudo. Conclusão: os dados apontam para necessidade de uma maior reflexão a cerca da consulta de pré-natal e encaminhamentos necessários para minimizar a mortalidade neonatal. Assim, se faz necessário um pré-natal de qualidade, com a implementação efetiva de políticas que visem a melhoria da saúde materna e fetal, através do acesso aos exames, a vinculação com a maternidade que irá assisti-la, bem como o encaminhamento aos serviços que garantam a saúde do binômio, diminuindo os índices da mortalidade materna e neonatal. Referências: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de ação a saúde. Departamento de atenção básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília (DF): 2012; SCHOEPS, Daniela et al. Fatores de risco para mortalidade neonatal precoce. Revista de Saúde Pública, v. 6, nº 41,p. 1013-22, 2007.
Palavras-Chaves: Mortalidade Neonatal Precoce, Pré-Natal, Assistência à Saúde.