FARMACOVIGILÂNCIA PARA IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: CONHECER PARA PROMOVER SEGURANÇA

VANELLY DE ALMEIDA ROCHA

Co-autores: VANELLY DE ALMEIDA ROCHA, CINTIA LIRA BORGES, JAMILLE PINHEIRO CUNHA, MARIA CÉLIA DE FREITAS e ROBERTA MENESES DE OLIVEIRA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

INTRODUÇÃO: Sabe-se que em Instituições de Longa Permanência (ILP) é comum a polifarmácia, o que propicia a ocorrência de efeitos adversos e interações medicamentosas que possibilitam riscos para a segurança do idoso institucionalizado. A polifarmácia pode ser classificada de maneira quantitativa, referente ao número de medicamentos ingeridos por dia, ou qualitativa, uso de pelo ou menos um medicamento que é impróprio para o idoso (CARVALHO, 2007). É importante destacar que a utilização descontrolada e inadequada de fármacos é um significante indicador, de qualidade da assistência médico-sanitária, útil para avaliar casas de repouso, clínicas geriátricas ou a assistência ambulatorial (ROZENFELD, 2003). Nesse ínterim, a equipe de Enfermagem, representando a maior parte dos profissionais atuantes nas ILP, exerce papel crucial no cuidado ao idoso residente, reconhecendo suas particularidades, a fim de intervir e promover maior segurança.

OBJETIVO: Identificar as principais classes farmacológicas utilizadas por idosos institucionalizados como promoção da segurança na farmacovigilância.

METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa descritiva e transversal, realizada com 21 idosos residentes em uma ILP de Fortaleza-CE. A coleta de dados ocorreu em abril de 2013 e seguiu os preceitos da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Utilizou-se um instrumento contendo histórico e exame físico do idoso. O estudo foi submetido à Plataforma Brasil e ao Comitê de Ética da Universidade Federal do Ceará, CAAE, 14189913.8.0000.5054.

RESULTADOS: Os medicamentos mais utilizados foram: os anti-hipertensivos (incluindo os diuréticos), 21 (100%), antiinflamatórios não esteroides (AINES), 11 (52,3%), antidepressivos, 10 (47,6%), antiulcerosos, 10 (47,6%), e antilipêmicos, 09 (42,8%). Estudos evidenciam que indivíduos que consomem cinco ou mais especialidades farmacêuticas apresentam maior risco de quedas, e as classes farmacêuticas mais associadas ao evento são psicoativos e diuréticos (GUIMARAES; FARINATTI, 2005). O uso de diuréticos pode causar hipotensão ortostática, arritmias e incontinência urinária de urgência, e alguns antilipêmicos causam mialgia e fraqueza, fatores estes que podem, também, levar à ocorrência de quedas. Os antiulcerosos podem causar deficiência de vitamina B12, parestesias, depressão e alterações cognitivas (CHAIMOWICZ, 2013).  Os AINES, principalmente quando associados a antiagregantes e anticoagulantes, podem ocasionar hemorragias digestivas (CHAIMOWICZ, 2013). Além disso, o consumo elevado de medicamentos acentua o risco de iatrogenias e óbitos. Por isso, qualquer medicamento, independente da classe, deve ser utilizado com cautela, sendo a prescrição racional aquela correspondente ao benefício esperado à saúde, a boa margem de segurança e a diminuição de consequências negativas.  

CONCLUSÃO: É certa a necessidade de garantir uma farmacovigilância segura para idosos institucionalizados, considerando os inúmeros riscos aos quais se encontram expostos diante da quantidade de medicamentos em uso diário. Desse modo, é preciso que a equipe multiprofissional, especialmente o enfermeiro, responsável pela supervisão/administração de medicamentos, desenvolva competências para reconhecer estes riscos, identifique situações de interação medicamentosa ou risco potencial, busque conhecimento acerca da farmacocinética e farmacodinâmica destes medicamentos e mantenha-se atento para o aparecimento de efeitos adversos, evitando iatrogenias medicamentosas.

REFERÊNCIAS:

1) CARVALHO, M. F. C. A polifarmácia em idosos no município de São Paulo - Estudo SABE - Saúde, Bem-estar e Envelhecimento.  [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 2007; 2) CHAIMOWICZ, F. Saúde do Idoso. Belo Horizonte: NESCON UFMG. 2013. 167 p.

3) GUIMARAES, J. M. N.; FARINATTI, P. T. V. Análise descritiva de variáveis teoricamente associadas ao risco de quedas em mulheres idosas. Rev Bras Med Esporte,  Niterói,  v. 11,  n. 5, Oct.  2005. 4) ROZENFELD, S. Prevalência, fatores associados e mau uso de medicamentos entre os idosos: uma revisão. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, mai-jun, 2003.