INTRODUÇÃO:
O processo de enfermagem é baseado na implementação de seis fases: histórico, diagnóstico, planejamento assistencial, evolução e avaliação das intervenções aplicadas, visando uma assistência dinâmica e com ações sistematizadas ao ser humano. No contexto de pacientes hospitalizados, é possível haver prejuízo na função motora ou cognitiva, causando uma diminuição na capacidade de desempenhar atividades de autocuidado, exigindo a elaboração de um plano de assistência individualizado(1). Dentre os déficits de autocuidado, destaca-se a falha na higiene bucal, como um importante fator de complicação a saúde. Além disso, existem fatores de risco sistêmicos, como o diabetes mellitus e terapia com corticoides e antibióticos que aumentam a severidade das infecções(2). A avaliação das condições da cavidade bucal e dos fatores de risco para a manutenção da saúde desta, durante a admissão, e ao longo de todo o tratamento, é responsabilidade do enfermeiro e tem por objetivo identificar os pontos críticos da assistência, fornecendo subsídios para a elaboração de intervenções que corroborem para a segurança do paciente.
OBJETIVO:
Avaliar as condições de higiene bucal, bem como a técnica empregada para este fim, em pacientes hospitalizados.
METODOLOGIA:
Estudo descritivo, transversal, realizado no período de junho a outubro de 2013, com 74 pacientes, em um hospital no município de Fortaleza-CE. Como critérios de inclusão adotou-se: ser maior de 18 anos, tempo mínimo de internação de quatro dias e não estar em isolamento por doenças infectocontagiosas. A coleta foi realizada através de um formulário semiestruturado contendo dados sobre caracterização (idade, sexo, procedência, escolaridade, renda mensal); dados clínicos (motivo de internação, período de internação, fatores de risco sistêmicos, fatores de risco locais, avaliação da cavidade bucal no momento da admissão) e conhecimento sobre higiene oral. Os dados obtidos foram analisados mediante estatística descritiva, sendo posteriormente representados em quadros e tabelas, e discutidos de acordo com aspectos da literatura pertinente. O projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Federal do Ceará/PROPESQ, o qual foi aprovado conforme parecer nº 300.164/13.
RESULTADOS:
A maioria dos participantes era do sexo masculino 55 (54,5%), com idade maior de 58 anos (34,5%), com média de 49 anos. Na avaliação dos dados clínicos observou-se que 62 (83,8%) pacientes possuíam fatores de risco sistêmicos, tais como diabetes mellitus (38,7%) e uso de antibióticos (41,9%). Em pacientes diabéticos a saúde da cavidade oral depende do controle da boca seca, devido à diminuição da produção de saliva, e das práticas de higiene empregadas(2). Já o uso de antibióticos altera a homeostase corporal, permitindo a proliferação de bactérias patogênicas. Quando questionados sobre a avaliação específica da cavidade oral no momento da admissão hospitalar a maioria, 58 (78,4%), relataram não ter sido avaliados. Dos que foram avaliados (16), 14 (87,5%) indicaram o médico como sendo o profissional que realizou a avaliação. Apenas dois dos participantes (12,5%) mencionaram a avaliação de enfermagem. A admissão em uma unidade clinica é o momento ideal para o levantamento de aspectos de importância, a exemplo da capacidade de desempenhar atividades de autocuidado. Deste modo, a avaliação do conhecimento sobre higiene oral identifica as necessidades individuais, auxiliando no planejamento da assistência de enfermagem de forma holística e que atenda as peculiaridades de cada contexto. A maioria dos participantes respondeu saber como realizar a higiene da cavidade oral, 49 (89,1%) dos pacientes e 13 (68,4%) dos cuidadores. Já a respeito dos materiais utilizados, os mais citados por pacientes foram à escova e creme dental, 38 (77,6%). Dentre os cuidadores, sete (53,8%) afirmaram o uso de escova, creme dental e solução antisséptica durante a internação hospitalar.
CONCLUSÃO:
Neste estudo, o diabetes mellitus e o uso de antibióticos foram prevalentes em pacientes hospitalizados, alertando para a possibilidade de complicações pelo desempenho inadequado da higiene bucal. Adicionalmente, a equipe de enfermagem, com destaque ao enfermeiro, deve atuar na capacitação de indivíduos e coletivos, para o exercício pleno de suas capacidades, auxiliando-o a progredir em direção ao resultado desejado.