INTRODUÇÃO: A adolescência constitui-se período da vida em que a pessoa tem necessidade de ser reconhecido e aceito pelos pares, o que faz acentuar o desejo de pertencer a um grupo de referência. Esta necessidade de reconhecimento, faz parte de um processo de socialização gradual que não se manifesta apenas na adolescência, mas está presente desde o início da vida social da pessoa¹. A autoestima pode ser definida como a percepção que um indivíduo tem de si próprio está baseada em sua influência familiar e social, sendo talvez a variável mais crítica que afeta a participação exitosa de um adolescente com outros em um ambiente de interação e convivência. Os adolescentes com baixa autoestima desenvolvem mecanismos que provavelmente distorcem a comunicação de seus pensamentos e sentimentos e dificultam a integração grupal². A utilização de abordagem grupal como estratégia educativa é fundamental para promover a autoestima e o otimismo do adolescente, pois, por meio da interação com os pares, o sujeito adquire a capacidade de enfrentar o medo da não aceitação pelos outros.
OBJETIVO: Relatar a vivência de atividade grupal visando promover a autoestima de adolescentes atendidos em um Centro de Saúde de Fortaleza-CE. MÉTODO: Estudo do tipo descritivo, referente ao relato de experiência de abordagem grupal com adolescentes como estratégia educativa, tendo como temática a autoestima. A atividade proposta ocorreu em maio de 2012. Os participantes do estudo foram 7 adolescentes atendidos em um Centro de Saúde da cidade de Fortaleza-CE que compareceram as consultas de enfermagem realizadas como atividade teórico-prática da disciplina Enfermagem no Processo de Cuidar do Adolescente do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará - UFC. O encontro se estruturou da seguinte forma: distribuição das cadeiras em círculo; dinâmica de interação entre os adolescentes; abordagem e discussão de aspectos envolvidos no tema central da estratégia educativa e avaliação do grupo com relação a estratégia utilizada e confraternização entre os adolescentes. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados o diário de campo. Vale frisar que a participação dos adolescentes ocorreu por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido pelos responsáveis.
RESULTADOS: No início da atividade educativa foi apresentado um depoimento em vídeo de uma cantora internacional relatando sua vivência com uma doença de autoimagem e os efeitos prejudiciais desta a saúde. A seguir foi feita uma discussão sobre a temática do vídeo e sua associação com a autoestima. Os adolescentes julgaram importantes para a autoestima a beleza do corpo, sendo essa, obtida por meio de tratamentos conta cravos e espinhas, manutenção da saúde bucal, redução da massa corporal, boa alimentação, manter os cabelos limpos, unhas cortadas, roupas limpas entre outros. O momento promoveu um espaço de expressão dos conhecimentos, dúvidas e ansiedades relacionada à autoestima e cuidados corporais durante a adolescência. CONCLUSÃO: A estratégia grupal promoveu espaço de expressividade e conhecimento norteado pela descontração e bem-estar entre os participantes. Os adolescentes esclareceram dúvidas, compartilharam experiências e sentiram a necessidade da valorização e do cuidado com o corpo com vista à elevação da autoestima. A formação de grupo proporciona ao enfermeiro um assistir a comunidade por meio de uma relação terapêutica pautada na abordagem holística e humanizada do cuidado. A estratégia educativa, desenvolvida por meio da co-participação, promove o compartilhar de práticas e saberes envolvidos em um processo de aproximação entre profissional e clientela, de modo que não há segregação entre o educador e os educandos.
REFERÊNCIAS: 1. Marcelli, D, Braconnier, A. Adolescência e Psicopatologia. 6ª ed. Porto alegre: Artmed, 2007. 2. Monteiro, RF, Azevedo, LF, Sobreiro RT, Constantino, P. Autoestima e resiliência dos adolescentes da margem da linha: redes de apoio social como fator de proteção. Persp. online: biol. & saúde. Campos dos Goytacazes, 4 (2), 41 - 55, 2012.