O PROCESSO DE TRABALHO EM ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE ATENÇÃO BÁSICA DE FORTALEZA-CE

PATRICIA AZEVEDO DE CASTRO FROTA ARAGAO

Co-autores: PATRÍCIA AZEVÊDO DE CASTRO FROTA ARAGÃO , ALEXANDRA DA SILVA LIMA , IASMIN BELÉM SILVA e ERYJOSY MARCULINO GUERREIRO BARBOSA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

O PROCESSO DE TRABALHO EM ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE ATENÇÃO BÁSICA DE FORTALEZA-CE

 

INTRODUÇÃO

Com o advento do capitalismo, as questões de saúde saíram do âmbito familiar e comunitário e institucionalizaram-se, tornando o cuidado um produto a ser consumido. A enfermagem surge nesse contexto como produtora adotando um processo de trabalho que, inicialmente, foi reflexo de um modo hegemônico de produção criando rotinas, normas e ações mecânicas baseadas no modelo biologicista. As relações interpessoais eram prejudicadas, bem como a qualidade de vida de trabalhadores e clientela. O Sistema Único de Saúde surgiu das discussões iniciadas com a Reforma Sanitária, revendo o modo como se desenvolvia a atenção à saúde dos sujeitos. Tendo como princípios norteadores a integralidade, a universalidade e a equidade, esse sistema tem a Atenção Primária como porta de entrada. Dentro dela, a enfermagem tem a autonomia para desenvolver um cuidado criativo, holístico e singular em que os vínculos com pacientes, trabalhadores de saúde, gestores e instituições são essenciais.

OBJETIVO

Relatar a experiência vivenciada por acadêmicos de enfermagem da Universidade Estadual do Ceará na observação do processo de trabalho da enfermagem em um Centro de Saúde da Família.

METODOLOGIA

Este estudo foi realizado em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS) em Fortaleza-CE. As atividades realizadas na unidade faziam parte do cronograma da disciplina de Administração do Processo de Trabalho em Enfermagem e ocorreram em fevereiro de 2014. Os acadêmicos realizaram observações da dinâmica do serviço da unidade, sobretudo da enfermagem, norteados por um roteiro pré-elaborado.

RESULTADOS

Em Fortaleza, vem sendo implementado um novo modelo de atendimento à população tendo por base a demanda espontânea. Este modelo enfatiza a produtividade elevada de cada profissional, o que fez com que o atendimento a um número cada vez maior de usuários, viesse a refletir negativamente na qualidade da assistência na unidade em questão. Inversamente ao aumento do número de consultas, houve uma redução no tempo dos atendimentos, o que restringiu o cuidado a encaminhamentos e prescrição de exames, negligenciando a formação de vínculo entre profissionais e pacientes. Nas equipes da UAPS não ocorre rotatividade no serviço e cada profissional desempenha uma função específica, porém não existem protocolos locais para as atribuições de cada um. Observaram-se conflitos na administração da unidade, pois as normas da dinâmica do serviço passaram a serem ditadas verticalmente pelo coordenador sem levar em consideração as demandas dos demais trabalhadores, em sua maioria, técnicos de enfermagem e enfermeiros. Por sua vez, estes trabalhadores se ressentiam de não existir uma gerência de enfermagem e uma maior autonomia na organização do serviço e no planejamento de suas atividades. Identificou-se, portanto, um retrocesso no serviço, especificamente na enfermagem, que passou a ser mais prescritiva.

CONCLUSÃO

As características do serviço e do processo de trabalho que foram observadas se tornaram fundamentais para a experiência dos estudantes de enfermagem, possibilitando-os a discernirem como melhorar o serviço para torna-lo mais efetivo e de qualidade para a população, e desenvolverem sua visão crítica sobre o sistema de saúde como um todo.