CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA PERSPECTIVA DO SERVIÇO DE SAÚDE EM REDE: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

GILSENE CAROLINE PONTE DE MACEDO

Co-autores: MARIANA POMPÍLIO GOMES CABRAL, PATRÍCIA AZEVÊDO DE CASTRO FROTA ARAGÃO, JOSÉ PEREIRA MAIA NETO e MARIA SALETE BESSA JORGE
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA PERSPECTIVA DO SERVIÇO DE SAÚDE EM REDE: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

 

INTRODUÇÃO
A história da Saúde Mental é demarcada pela presença relevante dos enfermeiros enquanto profissionais fomentadores e potencializadores de cuidados clínicos aos seus usuários. Para a melhoria do cuidado integral à saúde, de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde e da Reforma Psiquiátrica, preconiza-se a mudança de paradigma da assistência em saúde mental, afastando-se cada vez mais do modelo hospitalocêntrico e médico centrado. Busca-se, assim, articular os diferentes saberes e práticas que envolvem o cuidado em saúde, visando promover uma atenção integral e resolutiva. Nesse novo modelo, privilegia-se a interlocução entre diferentes serviços, com base em intervenções multiprofissionais que se aproximem das dimensões: comunitária, ética, social e solidária em saúde.

OBJETIVO

Analisar a percepção dos profissionais de enfermagem acerca de seus saberes e práticas diante do paradigma antimanicomial do cuidado em saúde mental, na perspectiva da assistência em rede.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, crítica e reflexiva, realizada com profissionais de Enfermagem da Estratégia Saúde da Família e do Centro de Atenção Psicossocial no município de Fortaleza. Para a coleta de dados utilizou-se a entrevista semiestruturada e a análise dos dados seguiu a orientação da Análise de Conteúdo. Trata-se de um recorte de uma pesquisa maior intitulada: "Gestão do Cuidado e Atenção Clínica em Saúde e Enfermagem no Cotidiano da Estratégia Saúde da Família e Centros de Atenção Psicossocial", com financiamento do CNPq/MS. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará, com parecer: 122.324.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os profissionais de enfermagem apontam a importância do serviço em rede para uma melhor integralidade e resolubilidade do cuidado aos usuários de saúde mental. Como destaque, relevam-se as ações de acolhimento, acompanhamento e tratamento dos usuários de saúde mental na própria atenção primária. Dessa forma, se faz possível prevenir maiores agravos, dando resolubilidade à demanda sem a necessidade do encaminhamento a serviços especializados. Para os profissionais de enfermagem, a assistência regionalizada permite a ampliação da concepção e prática de seu processo de trabalho. No cuidado em saúde descentralizado, os saberes e práticas se ampliam, à medida que se integram a uma equipe de saúde em busca de conhecer a realidade do usuário em seu cotidiano, sendo esta, uma condição fundamental para planejar, encaminhar ou resolver as necessidades de saúde do usuário. Se antes da Reforma Psiquiátrica, o cuidado da enfermagem ao usuário de saúde mental era principalmente de cunho curativo, com ênfase na medicalização e administração de crises; no serviço de saúde em rede, seu processo de trabalho se eleva a considerar o usuário com sua particular história de vida e, diante dessa perspectiva, construir de forma dinâmica o projeto terapêutico singular vinculado à clínica ampliada, que corresponsabiliza equipe de saúde, usuário, família e comunidade no processo de tratamento e reabilitação do usuário em busca de valorização da vida e da saúde.

CONCLUSÃO

A pesquisa apontou como égide da temática a importância do trabalho da enfermagem na assistência em saúde mental em rede, como facilitador e ordenador de um cuidado embasado no conhecimento das dimensões sócioespaciais e antropológicas dos usuários, se aproximando de um cuidado humanizado e se distanciando, cada vez mais, do modelo de assistência isolada, excludente de direito, desumana e violenta que demarca a história da saúde mental.

REFERÊNCIA

Franco, T. B., & Mattos, R. A. As redes na micropolítica do processo de trabalho em saúde. Gestão em Redes: práticas de avaliação, formação e participação na saúde.2006 

Jorge, M. S. B., de Almeida Sales, F. D., Pinto, A. G. A., & Sampaio, J. J.C. Interdisciplinaridade no processo de trabalho em centro de atenção psicossocialRevista Brasileira em Promoção da Saúde23(3).2010