Por uma educação transformadora: os sete saberes necessários a educação do presente
CARTA DE FORTALEZA
Fortaleza - Ceará - Brasil, 24 de setembro de 2010
PREÂMBULO
1. Nós, participantes e assistentes da Conferência Internacional sobre os Sete Saberes necessários à Educação do Presente, promovida pela UNESCO, pela Universidade Estadual do Ceará, em colaboração com a Universidade Católica de Brasília e com outras universidades nacionais e internacionais, unidos em Assembleia, no dia 24 de setembro de 2010, em Fortaleza-Ceará, concordamos em tornar pública a presente Carta de Fortaleza por uma Educação Transformadora;
2. Reiteramos a importância deste precioso legado para a formação das futuras gerações, intitulado - Os setes saberes para uma educação do futuro - proposto por Edgar Morin, a pedido da UNESCO, há 10 anos e comprometemo-nos a promover, com urgência, uma agenda que viabilize sua operacionalização junto às instituições educacionais de nossos países, públicas e privadas, formais e não-formais;
3. Concordamos com Edgar Morin que, como humanidade, precisamos de um pensamento complexo, ecologizado, capaz de relacionar, de contextualizar e religar diferentes saberes ou dimensões da vida. Precisamos de mentes mais abertas, de escutas mais sensíveis, de pessoas responsáveis e comprometidas com a transformação de si e do mundo ao seu redor. Isto é fundamental para que possamos desenvolver pensamentos, sentimentos e ações mais congruentes e coerentes com as atuais necessidades humanas e consolidar uma nova política de civilização baseada na sustentabilidade, na justiça, na solidariedade, na paz e na democracia;
4. Ratificamos nosso interesse e compromisso com os Sete Saberes propostos no referido documento e a importância de se criar espaços dialógicos, criativos, reflexivos e democráticos, formais ou não-formais, capazes de viabilizar o surgimento de práticas pedagógicas fundamentadas nestas temáticas e pautadas na solidariedade, na ética, na paz e justiça social;
5. Entendemos que uma Educação que privilegie os Sete Saberes e pautada no desenvolvimento da compreensão e da condição humana, na cidadania planetária e na ética do gênero humano, poderá colaborar para que os indivíduos possam lidar com as múltiplas crises sociais, econômicas, políticas e ambientais que colocam em risco a sobrevivência humana e a preservação da vida no planeta;
6. Assim, reconhecendo o papel fundamental de uma educação transformadora centrada na condição humana, no desenvolvimento da compreensão, da sensibilidade e da ética, na diversidade cultural e pluralidade de indivíduos, uma educação que privilegie a construção de um conhecimento pertinente de natureza transdisciplinar, envolvendo as relações individuo-sociedade-natureza; e convencidos da importância desta Carta de Fortaleza para nortear novas práticas pedagógicas iluminadas pelos Sete Saberes, solicitamos uma atenção especial das autoridades governamentais e dos sistemas educacionais, públicos e privados, dos diversos países aqui representados, no sentido de viabilizar sua consolidação, o mais rapidamente possível, como condição fundamental para a construção de um futuro viável para as gerações presentes e futuras.
CONSIDERAÇÕES
7. Vivemos uma crise civilizatória de natureza ecológica, econômica, social, política e educacional, cujas incalculáveis e imprevisíveis consequências põem em risco a sobrevivência humana e a preservação da vida no planeta. Tais crises são expressões de processos complexos provocados por um paradigma civilizatório baseado na ganância, no individualismo, no paternalismo, no consumo desenfreado de recursos materiais, na depredação de bens naturais, na violência, no autoritarismo e na marginalização social;
8. Predomina um paradigma civilizatório insustentável, simplificador, individualista, mecanicista e fragmentador da realidade e do conhecimento, que nega a influência e o potencial das emoções, dos sentimentos e afetos, assim como os valores éticos, estéticos, espirituais presentes nos processos de construção do conhecimento;
9. A fragmentação da realidade dissolve as dimensões do ser, do conhecer, do fazer, do viver e conviver humanos, separando educação e vida, provocando a gênese do sofrimento de alunos e professores ao oferecer práticas contrárias às necessidades humanas, individuais e coletivas;
10. O conhecimento especializado e isolado de contextos mais amplos, baseado em certezas e verdades, contaminado por processos de burocratização das instituições educacionais, constitui importante obstáculo para o desenvolvimento da aprendizagem, da compreensão humana e participação democrática;
11. A aprendizagem da ética do gênero humano é uma das tarefas fundamentais e urgentes de nosso tempo, incluindo a ética da justiça, da solidariedade, da paz, bem como a ética da compreensão, do cuidado e da compaixão;
12. A aprendizagem da compreensão humana está na base da construção de uma cultura de paz e cidadania ancorada no respeito à diversidade e à promoção dos direitos humanos universais;
13. Ensinar a compreensão humana exige transdisciplinarizar os saberes científicos, filosóficos, poéticos e artísticos, o que requer uma mudança no modo de se conceber os processos de ensino-aprendizagem e nos modos de organizar os ambientes educacionais;
14. Ensinar a condição humana e ser capaz de identificar nossa identidade terrena exigem o respeito à Terra e à Vida, em toda sua diversidade e multidimensionalidade e o reconhecimento de que tudo está interconectado, em comunhão, e que cada forma de vida é portadora de valor e significado simbólico. Tal pressuposto requer um humanismo civilizatório a ser cultivado de modo intergeracional, em que o respeito à Vida e à Terra deva sempre prevalecer acima dos interesses humanos;
15. A importância de se promover ambientes e comunidades de aprendizagem que facilitem o acoplamento estrutural do sujeito à sua realidade, a partir de condições que favoreçam o diálogo, a criatividade, o desenvolvimento da auto-estima, o resgate da autoria, o prazer do viver/conviver;
16. As sociedades devem resolver seus problemas tendo a educação como elemento essencial para a emergência de novas maneiras de pensar e de construir estilos de vida mais sustentáveis, baseados em processos permanentes de solidariedade, justiça e paz social, aspectos fundamentais para que a condição humana seja vivida em sua plenitude;
17. O diálogo, nutrido pelo cuidado, pelo respeito, pela humildade, pela confiança, pela esperança e fé é condição fundamental para que mudanças e transformações necessárias verdadeiramente aconteçam;
18. Os sete saberes necessários à educação do futuro, apresentados por Edgar Morin, são considerados fundamentos essenciais para o desenvolvimento de programas e projetos para a educação do presente, devendo ser concebidos como pontos de partida e não apenas de chegada.
RECOMENDAÇÕES
19. Desde a primeira infância e os primeiros anos da Educação Básica sejam desenvolvidos programas, projetos e experiências educacionais que privilegiem processos dialógicos, inovadores, criativos, como condição fundamental para se lidar com a incerteza, o erro e a ilusão presentes nos processos de construção de conhecimento e na aprendizagem. Aprender a contextualizar, a fomentar o conhecimento pertinente, a reconhecer diferentes perspectivas e a multiplicidade de olhares, a desenvolver procedimentos e estratégias criativas implicam processos formativos e autoformadores indispensáveis para lidar com a incerteza do conhecimento e da realidade;
20. Para lidar com a incerteza, os processos educacionais deverão estar baseados, de forma permanente, na aprendizagem para tomada de decisões, tanto pessoais como coletivas. Realizar experiências, atividades e desenvolver programas e projetos educativos que privilegiem o aprendizado da tomada de decisões e da democracia devem constituir uma das competências dos profissionais da educação, para a qual recomendamos que as administrações públicas e privadas garantam os recursos para a formação docente necessária;
21. A formação do docente deverá ocorrer ao longo de sua vida profissional e a partir do reconhecimento da pluralidade cultural, da multiplicidade de vozes e olhares, privilegiando processos auto-eco-organizadores e emergentes, geradores de processos auto-heterorreflexivos e explicativos da realidade. Devem ser evitados processos de fragmentação, dominação cultural, autoritarismo, homogeneização e linearização dos tempos humanos, promovendo ações permanentes para uma educação democrática responsável e consciente;
22. A complexidade e a transdisciplinaridade, como base epistemo-metodológica nutrida pelas três dimensões formadoras - autoformação, a heteroformação e a ecoformação (G. Pineau ), são fundamentos importantes para renovação dos cursos de formação docente, devendo, na medida do possível, ser privilegiadas. Abertura, flexibilidade, dialogia, auto-eco-organização e autonomia, além de maior atenção às emergências, à ecologia da ação, à intersubjetividade enriquecida pela multirreferencialidade são também outros pressupostos a serem considerados nos processos de formação docente, a partir desses fundamentos;
23. Os processos educacionais devem privilegiar o diálogo não apenas como exigência existencial que valoriza a construção coletiva do conhecimento, mas também como uma forma privilegiada de criação de cenários participativos, de descentralização de processos, de geração de um ambiente de aprendizagem prazeroso, criativo e emocionalmente saudável;
24. Os processos de formação devem reconhecer a multidimensionalidade do sujeito aprendente e de sua realidade, privilegiando o diálogo vivencial entre teoria e prática, educador e educando, indivíduo e contexto e possibilitando vivências capazes de ampliar os níveis de consciência dos sujeitos aprendentes, a partir da expansão dos seus níveis de percepção e de compreensão da realidade;
25. A educação para compreensão humana deve também estar baseada no reconhecimento das debilidades, oportunidades e ameaças ao desenvolvimento humano em suas relações e implicações pessoais, sociais e meio-ambientais, fomentando, ao mesmo tempo, o pensamento complexo e transdisciplinar. Tais estudos devem partir da realidade vivida, experiencial e vital dos sujeitos aprendentes;
26. A educação para a compreensão humana deverá levar em consideração a educação para a sensibilidade em suas diversas acepções, nos âmbitos individual, social e ecológico. Entendemos que a compreensão humana fica limitada sem o desenvolvimento da sensibilidade pessoal, especialmente no que se refere às dimensões éticas e estéticas implicadas no processo de construção do conhecimento. Pedagogicamente, isso exige aprender a observar, contemplar, perceber, sentir esteticamente, a desenvolver a empatia, a escuta sensível e o diálogo afetivo;
27. A educação para a compreensão humana é indispensável à realização de programas, projetos e atividades sistemáticas dirigidas ao autoconhecimento, à
introspecção e ao pensamento reflexivo, para a superação dos aspectos egocêntricos, etnocêntricos, androcênticos e sociocêntricos que limitem o pleno desenvolvimento do sujeito e da consciência humana;
28. É importante que as administrações educacionais e os profissionais da educação desenvolvam programas e atividades para promover a educação para a atenção, para a responsabilidade e a sensibilidade, reconhecendo-as como pilares estratégicos para o desenvolvimento da compreensão humana. Entendemos que a educação para o aprimoramento da sensibilidade humana exige a educação da atenção e da responsabilidade. Aprender a ser responsável e capaz de oferecer respostas éticas mais adequadas a cada situação é objetivo educativo irrenunciável;
29. A educação deve possibilitar o uso de estratégias multidimensionais de ensino e aprendizagem voltadas para o desenvolvimento e o aprimoramento das diferentes dimensões humanas. Atenção especial deve ser dada ao uso de técnicas de concentração, meditação e relaxamento, para os trabalhos de natureza biopsicofísica, capazes de promoverem estados de serenidade, calma e paz interior, mediante a criação de ambientes educacionais estimulantes, prazerosos, criativos, intelectualmente enriquecidos e afetivamente integradores, que contribuam para uma melhor gestão de conflitos e resolução pacífica de problemas;
30. Medidas curriculares, organizacionais, gestionais, metodológicas e formativas capazes de garantir o cultivo de uma cultura permanente de paz e de não-violência devem ser privilegiadas. Entendemos que a educação para a paz, a cidadania planetária e os direitos humanos constitui aspecto fundamental para a concretização pedagógica e curricular de uma educação para o desenvolvimento da compreensão da condição humana e da consciência sociopolítica;
31. Atenção especial deve ser dada à avaliação dos processos educacionais para a consolidação de uma educação transformadora. Para tanto, deverão ser desenvolvidas estratégias e procedimentos de avaliação adequados e pertinentes, que provoquem reflexões críticas e processos auto-eco-formadores em relação ao conhecimento construído, além de favorecer o trabalho colaborativo e solidário, nutrido pela sensibilidade, pelo respeito, pela imaginação e pela criatividade;
32. É responsabilidade de todos os Estados e Governos efetivar plenamente a educação para a compreensão humana, para a qual entendemos que deverão ser providos medidas e recursos necessários à formação docente, capazes de garantir a presença, em sala de aula, de professores profissionalmente policompetentes e vocacionalmente comprometidos com os processos de mudanças e transformações, individuais e coletivas. Não se pode conceber o ensino da compreensão humana sem um professorado nutrido, sustentado e valorizado material, física, pessoal e socialmente, especialmente quando se trata das etapas iniciais de Educação Básica;
33. A formação ética deve ser garantida de forma permanente e prioritária por todas as instituições e administrações educacionais, em todas as etapas e níveis obrigatórios, como condição fundamental para a aprendizagem da ética do gênero humano. Entendemos que esta formação deve incluir aspectos relacionados à educação para a paz, os direitos humanos, a democracia, a convivência, a igualdade, a tolerância, a cidadania planetária, a não discriminação, aspectos a serem consolidados em condutas pessoais e práticas sociais;
34. A ética do gênero humano deve ser concebida como responsabilidade social e trabalhada transdisciplinarmente, envolvendo todas as instituições educacionais, formais e não-formais, privadas e públicas, diretas e indiretas, sendo, portanto, uma tarefa que é, ao mesmo tempo, pessoal, econômica, cultural, política e social. Recomendamos que cada instituição educacional busque a melhor forma de concretizar e materializar programas, projetos, ações, condutas cotidianas baseadas em valores democráticos, em processos dialógicos e participativos;
35. A ética do gênero humano deve ser trabalhada de modo inseparável do desenvolvimento da consciência individual e coletiva, o que exige uma educação voltada para o autoconhecimento (aprender a ser ) , para a convivência (aprender a conviver) , para a construção do conhecimento (aprender a aprender) e para a tomada de decisões (aprender a comprometer-se ), aspectos estes integrados e constitutivos da multidimensionalidade humana;
36. As administrações educacionais públicas e privadas, formais e não formais devem adotar medidas urgentes e necessárias para que a formação humana, pedagógica e democrática de professores sobre a temática dos Sete Saberes seja realmente garantida e efetivada. Ela deve estar presente tanto na formação inicial do docente e no seu exercício profissional, como também na educação do alunado ao longo da vida.
Para incentivar, divulgar e apoiar o acompanhamento e o monitoramento das ações, em âmbito internacional, instamos a UNESCO e suas estruturas a:
37. Informar, aos Estados Membros e aos seus distintos Órgãos, os resultados alcançados nesta Conferência e, em particular, o conteúdo integral da presente Carta;
38. Privilegiar, no futuro, em suas políticas, programas e projetos, a visão e os conteúdos dos "Sete Saberes";
39. Solicitar, às autoridades governamentais e aos demais atores sociais, que procurem levar em conta a visão e a proposta integral contida nos "Sete Saberes", integrando-as, na medida do possível, às ações relacionadas desenvolvidas no marco dos Programas "Oito Objetivos do Milênio" e década de uma "Educação para o desenvolvimento Sustentável 2005-2015";
40. Sugerir que as instituições financeiras, em seus programas e propostas de alocação de recursos, procurem priorizar as decisões e ações que tenham convergência com as visões e estratégias de mudança real da Educação, tendo como referência o estabelecido na obra Sete Saberes;
41. Solicitar aos governantes, políticos, intelectuais, acadêmicos, docentes, empresários, trabalhadores, responsáveis por meios de comunicação e líderes, em geral, que dêem atenção especial às propostas estabelecidas nos Sete Saberes, principalmente no que se refere às reformas estruturais que a humanidade deverá realizar no presente século;
42. Solicitar às autoridades brasileiras que continuem liderando e colocando em marcha os resultados desta Conferência, com o mesmo vigor, competência e vontade política demonstrados em sua organização e que estudem a possibilidade de se criar virtualmente um meio capaz de estimular o diálogo, o intercâmbio e a cooperação entre diversos agentes, em escala internacional;
43. Estudar a possibilidade de que o Sistema das Nações Unidas e, particularmente a UNESCO, convoque, para o ano de 2015, a II Conferência Internacional sobre os Sete Saberes, para avaliação dos resultados das missões desenvolvidas.
FORTALEZA, 24 DE SETEMBRO DE 2010
Francisco de Assis Moura Araripe Maria Cândida Moraes
Reitor da UECE Universidade Católica de Brasília
Edgar Morin Presidente de Honra
- Ubiratan D'Ambrosio (UNICAMP )
- Celina Éllery (UECE )
- Rosamaria de Medeiros Arnt (UECE/ECOTRANSD )
- Lucia Helena Fonseca Grangeiro (UECE ) -Juan Miguel Batalloso Navas (ECOTRANSD )
- Gastón Pineau (Un. Tours/França)
- Pascal Galvani (Un. Montreal/Canadá)
- Maria Conceição de Almeida (UFRN)
- Edgar de Assis Carvalho (PUC/SP )
- Gustavo López Ospina (Proyecto Art/UNESCO )
- Denise Najmanovich (UBA/Argentina)
- Saturnino de la Torre (UB/Espanha)
- Raúl Domingo Motta (Cátedra Edgar Morin/UNESCO )
- Eleonora Badilha (UCR/Costa Rica)
- Antonio Carlos Gomes da Costa (Instituto Modus Faciendi )
- Socorro Oesterne (UECE
- Mauricio Holanda (SEDUC/Ceará)
- Teresa Salinas (IPCEM/Perú)
- Nelson Vallejo-Gomez (França) -Juan Miguel Gonzalez (Bolivia)
- Leila Chalub Martins (CDS/UNB)
- Pedro Luis Sotolongo (Republica Dominicana)
- Marta Cárdenas (Perú
- Flor Cabrera (UB/Espanha
- Ruth Cavalcante
- Harbans Lal Arora
- Emilio Roger-Ciurana (Univ. Valadolid)
- Izabel Cristina Petráglia (UNINOVE
- Maria Antonia Pujol (GIAD/UB/Espanha
- Cleide Rita Silvério de Almeida (UNINOVE )
- Ecleide Furlanetto (UNICID .
- Carlos Rodrigues Brandão (UNICAMP )
- Roberto Crema (UNIPAZ)
- Regina Fittipaldi (UNIPAZ )
- Fátima Limaverde (UNIPAZ/CE
- Lia Diskin (APA) -Vera Catalão (UNB)
- Graça Gadelha (IA
- Cássia Regina (INEC/BNB
- Francisco Horácio da Silva Frota (UECE
- Patrícia Limaverde Nascimento (UCB/DF )
- Adriano Vieira (UCB/DF
- Roberta Galasso Nardi (ECOTRANSD
-Simone Ramounoulou (WWH)
- Marta Irving (UFRJ
- José Julio M. Torres (UFC/UNIFOR
- Enny Parejo (ECOTRANSD )