Anais do Evento Saberes para uma Cidadania Planetária

 
 

PROJETO DA CONFERÊNCIA

Saberes para uma cidadania planetária


A denominada "Carta de Fortaleza", aprovada no Congresso Internacional "Por uma Educação Transformadora: os sete saberes da educação para o presente", com apoio da UNESCO, celebrado em setembro de 2010, em Fortaleza (Ceará-Brasil), estabeleceu entre suas considerações a necessidade de contemplar "Os sete saberes necessários à educação do futuro" propostos por Edgar Morin, como um nevrálgico e essencial ponto de partida para abordar, tanto os problemas de uma civilização em crise, como os projetos e programas educativos necessários para enfrentar a situação da humanidade neste momento crucial.
Ao mesmo tempo e entre suas diversas recomendações, a "Carta de Fortaleza" estabeleceu que "A formação do professorado deve realizar-se ao longo de toda sua vida profissional e a partir do reconhecimento da pluralidade cultural e da multiplicidade de vozes e perspectivas, privilegiando processos autoeco-organizadores e emergentes, geradores, por sua vez, de processos auto-hetero-reflexivos e explicativos da realidade. Devem ser evitados processos de fragmentação, dominação cultural, autoritarismo, homogeneização e seriação linear dos tempos humanos, promovendo ações permanentes para uma educação democrática responsável e consciente". Expressado em outros termos, isto evidentemente significa que a formação do professorado deve partir das necessidades reais e dos problemas concretos e cotidianos que os/ as professoras afrontam diariamente em suas tarefas profissionais, o que exige, por sua vez, tanto uma redefinição da identidade e do perfil docente, como também novos conteúdos formativos e novas metodologias mais coerentes com os complexos problemas educacionais de desenvolvimento humano e social ao que temos que responder.
Paralelamente, e como consequência da concatenação de diversos e complexos fatores que concorrem em um tempo carregado de numerosos problemas que põem de manifesto nossa vulnerabilidade diante de acontecimentos imprevisíveis, se faz necessário prestar uma especial atenção à infância, à adolescência e às pessoas idosas, visando promover um "desenvolvimento humano resiliente", capaz de sustentar os objetivos alcançados, de reduzir a desigualdade em todas as dimensões do desenvolvimento humano e de afrontar as situações adversas e delas se recuperar (PNUD; 2014).
Obviamente, "enfrentar a incerteza", o quinto dos saberes de Edgar Morin, se constitui como um dos saberes mais estratégicos para a situação atual, o qual evidentemente exige um novo papel dos sistemas escolares, mais de acordo e coerente com a promoção e o desenvolvimento de capacidades e atitudes resilientes, assim como valores de responsabilidade e solidariedade. Faz falta, pois, medidas concretas coerentes com uma reforma paradigmática do pensar docente e o desenvolvimento de apostas e estratégias formativas em três direções: a) estratégias capazes de aumentar e melhorar a qualidade do conhecimento educativo e profissional dos docentes; b) estratégias capazes de supe¬rar os sentimentos de impotência e incapacidade diante das complexas necessidades educativas as quais têm que responder diariamente e c) estratégias capazes de recuperar e aumentar a dignidade, o reco¬nhecimento e o prestigio social de uma profissão sobre a qual recai a responsabilidade de formar e educar a infância e a adolescência em nossos países.
Necessitamos, portanto, como sinalizado pela "Carta de Fortaleza", de uma formação do professorado capaz de garantir a presença de profissionais policompetentes e vocacionalmente comprometidos com os processos de mudança e transformação, individuais e coletivos, ao mesmo tempo, que sejam sensíveis com os alunos mais necessitados e vulneráveis, no sentido de adotar atitudes motivadoras, esperançosas, resilientes e carregadas de sentido profissional e autorrealizador. E isto, evidentemente, exige dos poderes públicos, não somente a promoção de novas estratégias formativas, mas também o compromisso permanente de garantir e sustentar a um professorado que se sinta atendido, apoiado e valorizado material, física, pessoal e socialmente, em especial, quando se trata das primeiras etapas de educação básica.
Por outra parte e conforme sinaliza a Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010, do Ministério da Educação, do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Básica sobre "Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica", para a formação inicial e continuada dos docentes, é central levar em conta a relevância «...do conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania (1); a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional (2); a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino (3) ademais de saber orientar, avaliar e elaborar propostas, isto é, interpretar e reconstruir o conhecimento. Devem ser transpostos os saberes específicos de suas áreas de conhecimento e as relações entre essas áreas, na perspectiva da complexidade; conhecer e compreender as etapas de desenvolvimento dos estudantes com os quais se está lidando...» (MEC/SEB, 2013: 58). Isto deve também assegurar a garantia de que todo projeto escolar «...escolha a abordagem didático-pedagógica disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar pela escola, que oriente o projeto político-pedagógico e resulte de pacto estabelecido entre os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade, subsidiando a organização da matriz curricular, a definição de eixos temáticos e a constituição de redes de aprendizagem. Matriz curricular entendida como propulsora do movimento, do dinamismo curricular e educacional, de tal modo que os diferentes campos do conhecimento possam se coadunar com o conjunto de atividades educativas e redes de aprendizagem; entendida como um conjunto de ações didático pedagógicas, com foco na aprendizagem e no gosto de aprender, subsidiada pela consciência de que o processo de comunicação entre estudantes e professores é efetivado por meio de práticas e recursos diversos...» (MEC/SEB, 2013: 66-67, Art. 13).
Assim, pois, e a partir destas considerações, a Conferência Internacional "SABERES DOCENTES PARA UMA CIDADANIA PLANETÁRIA" se propõe a desenvolver os seguintes objetivos:
Oportunizar um encontro histórico de despedida de um dos maiores filósofos vivos da atualidade - Edgar Morin (94 anos), e de diálogos para refletir sobre sua obra e implicações na educação e na formação de professores, visando o desenvolvimento de uma cidadania planetária, tão necessária frente às situações de crise que estamos vivendo.
Refletir e construir conhecimentos que contribuam para a criação e disseminação de projetos, programas, organizações, políticas e ações individuais ou grupais de carácter econômico, tecnológico, social, cultural e educativo que iluminem a emergência de uma Civilização Planetária e/ou a abertura e sustentação de novas "Vias para o futuro da humanidade".
Analisar as implicações educativas, curriculares, organizacionais e de formação docente do novo paradigma educativo emergente, baseado na complexidade, na transdisciplinaridade e fundamentado nos valores de responsabilidade e solidariedade individual e social.
Identificar e analisar as necessidades formativas do professorado de educação básica de acordo com a situação real em que este coletivo de profissionais desempenha suas competências, tendo como referência as exigências estabelecidas nos saberes necessários da educação do futuro e a pretendida reforma paradigmática da educação enunciada pelo Pensamento do Sul.
Contribuir à formulação de políticas estratégicas que contribuam à dignificação, ao reconhecimento e à valorização do professorado de educação básica, assim como à seleção e à formação continua dos candidatos mais capacitados e vocacionalmente dotados para a função docente e sua transcendental missão de responsabilidade social.
Orientar a formulação de linhas transversais mais coerentes para a construção de um currículo e um itinerário de formação educativa, pedagógica e didática para o exercício da docência, de acordo com as características e implicações ontológicas, epistemológicas e metodológicas do paradigma educativo emergente, baseado na complexidade e na transdisciplinaridade.
Propor conteúdos e estratégias de formação inicial e permanente para o professorado de educação básica, no sentido de incrementar a qualidade do desempenho de suas competências profissionais a partir do protagonismo, da participação e do empoderamento tanto dos docentes como das comunidades escolares e partindo das necessidades reais e da singularidade das mesmas.
Contribuir para a criação de uma rede internacional de formação de educadores de todos os níveis educacionais, com diferentes modalidades de participação, a partir das recomendações estabelecidas no Documento Pensamento do Sul e da Carta de Fortaleza.
Religar espaços de diálogo e compartilhar experiências nos diferentes campos do saber que permita um intercâmbio fluido, sistematizado de experiências no mundo.

Informações gerais

CARGA HORÁRIA: 40 horas
PERÍODO: 24 a 27 de maio de 2016
PÚBLICO PARTICIPANTE: professores e alunos dos diversos sistemas de ensino, profissionais das mais diferentes áreas do conhecimento interessados nestas temáticas.
LOCAL: Hotel Praia Centro / Fábrica de Negócios. Avenida Monsenhor Tabosa, 740 - Praia de Iracema / Fone: (85) 3083-1100. FORTALEZA. Ceará.


Destinatários
A todos os profissionais de educação formal e não formal que atuam em diversos níveis de ensino e demais pessoas interessadas nesta temática, especialmente, estudantes e professores de educação fundamental, médio e superior, bem como representantes de coletivos educadores das áreas de saúde e educação ambiental.
Instituições promotoras
1. UNESCO
2. Governo do Estado do Ceará

Instituições organizadoras

1 Universidade Estadual do Ceará - UECE
2 Universidade Católica de Brasília - UCB
3 Pró-Reitoria de Extensão - UECE
4 Pró-reitoria de Pós-graduação - UECE
5 Programa de Pós-Graduação em Educação/UCB
6 SESC - Serviço Social do Comércio
Presidência e Comitê de Honra
Presidente de Honra da Conferência
Edgar Morin
Presidente da Conferência
Maria Cândida Moraes
Comitê de Honra
Ministro de Estado da Educação
Aloisio Mercadante
Governador do Estado do Ceará
Camilo Santana
Vice-Governadora do Estado do Ceará
Maria Izolda Cela de A. Coelho
Diretora do Escritório Regional de Ciência da UNESCO para a América Latina e Caribe
Lídia Brito
Representante da UNESCO no Brasil
Lucien André Muñoz
Magnífico Reitor da Universidade Estadual do Ceará
José Jackson Coelho Sampaio
Magnífico Reitor da Universidade Federal do Ceará
Henry de Holanda Campos
Magnífico Reitor da Universidade Católica de Brasília
Gilberto Gonçalves Garcia
Senador da República do Brasil
Cristovam Buarque
Pró-Reitora de Extensão da Universidade Estadual do Ceará
Claudiana Nogueira de Alencar
Professor Emérito da Universidade de Campinas
Ubiratan D´Ambrósio
Secretário de Educação do Estado do Ceará
Mauricio de Holanda
Secretário de Educação Básica do Ministério da Educação
Manuel Palácios da Cunha Melo
Secretário de Educação de Fortaleza
Jaime Cavalcante


Comitê Científico Internacional


Presidido por Edgar Morin
Ubiratan D´Ambrósio (UNICAMP); Maria Cândida Moraes (UCB/DF); Maria Conceição de Almeida (UFRN); Edgard de Assis Carvalho (PUC/SP); Raul Domingo Motta (Argentina); Izabel Petraglia (FMU); Juan Miguel Batalloso Navas (Espanha); Teresa Salinas (Peru); Eleonora Badilla-Saxe (Costa Rica); Nelson Vallejo-Gomez (França-Colômbia); Luiz Carrizo (UNESCO/Uruguai); Juan Miguel González-Velasco (Bolívia); Pedro Sotolongo (Cuba); Saturnino de la Torre (Espanha); Rosamaria de Medeiros Arnt (Brasil); Adriano J. Hertzog Vieira (Brasil); Marilda Behrens (Brasil); Maria Antônia Pujol (Espanha); Marlene Zwierewicz (Brasil); Ana Cecilia Espinosa Martinez (México); Pascal Galvani (França/Canadá); Gastón Pineau (França); Patrick Paul (Brasil-França); Sabah Abouessalam-Morin (França-Marrocos); Ecleide Furlanetto (Brasil); Marta Irving (Brasil), Akiko Santos (Brasil).


Comitê Organizador


Lucia Helena Fonsêca Grangeiro - Presidente (UECE); Rosamaria de Medeiros Arnt (ECOTRANSD/UECE); Claudiana Nogueira de Alencar (UECE); Jerffeson Teixeira de Souza (UECE); Juan Miguel Batalloso Navas (ECOTRANSD/Espanha); Custódio Almeida (UFC); Cristiane Holanda (Vice-governadoria/CE); Renata Russo (UECE); Cleusa Denz (UECE/ Universidade Biocêntrica); Celina Magalhães Éllery (Instituto Aliança/UECE); Saturnino de la Torre (Espanha); Adriano J. Hertzog Vieira (ECOTRANSD/Brasil); Maria Conceição de Almeida (GRECON/UFRN); Edgard de Assis Carvalho (PUC/SP); Izabel Petraglia (FMU); Fatima Limaverde (UNIPAZ/Escola Vila/Ceará); Patrícia Limaverde Nascimento (UECE); Luiz Lacerda Sousa Cruz (IDECI); Demerval Bruzzi (UCB/ECOTRANSD); Marilza Suanno (UEG/UFG/ ECOTRANSD); João Henrique Suanno(UEG/ECOTRANSD); Ruth Cavalcante (CDH/Ceará); Socorro de Sousa (UFC); Paula Scherre (ECOTRANSD/Brasil); Carlos Reni Araujo Dino (INEC); Antenor Lago Costa (INEC); Antonia Nágela de Araújo Costa (INEC); Ana Wládia Cosmo (APRECE); Caio Quinderé (Fecomércio/SESC); Tábata Alencar (SESC); Sara Góis (Universidade Biocêntrica/CDH); Joana Mary Barreira Soares (Estácio-FIC); Letícia Adriana Pires Ferreira (Estácio-FIC)

Secretaria Acadêmica


Rosamaria de Medeiros Arnt (ECOTRANSD / UECE)
Ecleide Furlanetto (UNICID)
Coordenação das Rodas de Comunicação:
Patrícia Limaverde (UECE)

Comitê Científico Nacional:


Alvaro Schmidt (ECONTRANSD); Ana Cristina Souza dos Santos (UFRRJ); Ana Maria Di Grado Hessel (PUC/SP); Ana Paula Caetano (Universidade Lisboa); Barbara Raquel do Prado Correa (PPGE/PUCPR); Daniele Saheb (PPGE/PUCPR); Izabel Petráglia (FMU); Jacques Lima Ferreira (PPGE/PUCPR); João Henrique Suanno (UEG); Helena Sellani (UNICID/SP); Lucila Pesce (UNIFESP); Lucymara Carpim (PPGE/PUCPR); Magda Pinto (Ecotransd); Manuela Grangeiro (UECE); Margaréte May Rosito (UNICID/SP); Maria Conceição de Almeida (GRECOM/UFRN); Maria Dolores Fortes Alves (UFAL); Maria José de Pinho (UFT); Mariangélica Arone (UNINOVE); Marilda Behrens (PPGE/PUCPR); Marilza Vanessa Rosa Suanno (UFG); Michelle Jordão Machado (ECOTRANSD); Patrícia Limaverde Nascimento (UECE); Paula Pereira Scherre (ECONTRANSD); Ricardo Antunes de Sá (UFPR); Roberta Galasso Nardi (LESF/UNIFESP); Sandra de Fátima Oliveira (Revista Terceiro Incluído/UFG);

Instituições parceiras

• Fundação CAPES/MEC
• Universidade Federal do Ceará - UFC
• SESI - Serviço Social da Indústria
• Banco do Nordeste
• INEC - Instituto Nordeste Cidadania
• Centro Universitário Estácio/FIC
• Movimento de Saúde Mental Comunitário Bom Jardim
• Escola Vila
• QH Care/DF
• Consulado Francês/Recife
• APRECE - Associação dos Prefeitos do Ceará
• Fundação Deusmar Queiróz - Fábrica Escola
• CDH - Centro de Desenvolvimento Humano
• Universidade Biocêntrica
• Instituto Cuidar/DF
• Instituto Aliança
• Instituto Alana
• Estação da Luz
• Servis Segurança
• INSS - Previdência Social

Apoio

• Direção Regional de Ciência da UNESCO para a América Latina e o Caribe (Montevidéu)
• Instituto Peruano del Pensamiento Complejo (IPCEM)
• Instituto Internacional del Pensamiento Complejo
• Cátedra Itinerante Edgar Morin/UNESCO
• Rede Internacional de Ecologia dos Saberes (RIES/UB)
• Grupo de pesquisa ECOTRANSD/UCB
• Grupo de pesquisa GRECOM/UFRN
• Grupo de Investigaciones en Didáctica de la Universidad de Barcelona - GIAD/UB
• UNIPAZ/CE
• União Planetária/TV SUPREN/Brasília
• Rede Internacional de Escolas Criativas- (RIEC/UB)
• Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Complexidade, Ensino e Questões Metodológicas em Serviço Social (NEMESS-COMPLEX

Resultados esperados

De acordo com o Programa apresentado, a Conferência Internacional "Saberes para uma cidadania planetária" está organizada e tecida em torno de quatro eixos transversais que se configuram e expressam no que denominamos Complexos Temáticos, ou seja, em quatro grandes áreas de conteúdos abertos, vinculados e interdependentes, que se nutrem das diferentes participações oferecidas pelas Conferências plenárias e pelos Espaços de Diálogo.

Estes quatro Complexos Temáticos que atravessam e estão entretecidos em todo o Programa preliminarmente proposto são:

1. Cidadania planetária. Como incentivar a Cidadania Planetária a partir da reforma do pensamento, da transformação da educação e a emergência de um novo paradigma educativo, reconhecendo e atendendo as propostas contidas na obra de Edgar Morin, especialmente «Os sete Saberes Necessários à Educação do Futuro»; «A Via Para o Futuro da Humanidade» e a obra coletiva, «Para um pensamento do sul. "Diálogos com Edgar Morin», como também as recomendações propostas na «Carta de Fortaleza».

2. Saberes Docentes. Identificar os Saberes Docentes necessários para este novo tempo que se anuncia e sugerir estratégias de formação, seleção, dignificação e desenvolvimento profissional dos docentes na perspectiva de produzir e aplicar políticas educativas coerentes, capazes de dar respostas às necessidades concretas do professorado, especialmente, o de Ensino Fundamental.

3. Matriz Curricular. Analisar as bases epistemológicas do atual Currículo Escolar e sugerir novas bases epistemológicas desde uma perspectiva complexa e transdisciplinar, capaz de promover a necessária integração entre disciplinas, conhecimentos interdisciplinares e transdisciplinares, sugerindo estratégias para sua concretização nos Projetos Políticos Pedagógicos e em coerência com as Novas Diretrizes Curriculares estabelecidas pela Diretoria de Currículos e Educação Integral do Ministério da Educação.

4. Espaços de Diálogo. Iniciar e propiciar a criação de Espaços de Diálogo Educativo entre os Docentes, visando à concretização de redes de intercâmbio de experiências, de formação e aperfeiçoamento docente permanente, assim como de escuta ativa e participação comunitária, reconhecendo que a Educação implica uma postura de solidariedade e responsabilidade social permanente.

É, pois, a partir destes quatro grandes Complexos Temáticos, assim como das possibilidades e recursos das instituições e do professorado participante nesta Conferência, que podemos formular os resultados esperados, assim como os possíveis impactos educacionais e formativos nos participantes, resultados que, sob o nosso ponto de vista, deverão ser os seguintes:
• Consciência pessoal e profissional. Aumentar o nível de sensibilidade e de consciência docente, de modo que o impacto gerado pela conferência possa traduzir-se, posteriormente, em um maior compromisso com a educação, seja ela compreendida como responsabilidade social ou como responsabilidade profissional.
• Responsabilidade política e institucional. Aumentar o grau de sensibilidade e de consciência das instituições educacionais, e especialmente dos políticos e administrativos responsáveis pela gestão da educação, com a finalidade de promover e aplicar políticas baseadas na concepção de que a educação é um Direito Humano Universal e que os Estados têm o dever de amparar e garantir; bem como políticas centradas na necessidade de transformar as escolas, dignificando, formando e empoderando seu professorado e as comunidades envolvidas.
Neste sentido, seria muito desejável que, a partir desta Conferencia, a Secretaria de Educação do Estado do Ceará, bem como as de outros Estados da Federação, optassem por adotar medidas concretas para que cada um dos municípios estaduais pudessem viabilizar espaços de diálogo educativo para formação do professorado, bem como para o desenvolvimento de novos programas e projetos educacionais, tendo como referência a obra Sete Saberes para uma Educação do Futuro, além dos demais fundamentos teóricos e epistemológicos propostos por Edgar Morin.
• Espaços de Diálogo Docente e Educativos. Iniciar a criação, a manutenção e a coordenação de espaços de diálogos educativos no maior número possível de escolas do país, levando em conta os contextos particulares, as necessidades e interesses concretos da cada escola, o interesse de todos os membros da comunidade escolar. Espaços de Diálogos que possam e devam ter um duplo caráter: docente-profissional e especificamente de professores, ou educativo-comunitário nos quais participam os membros da comunidade, para os quais não basta o simples voluntariado, mas a cooperação e o apoio institucional das administrações educacionais.
• Rede de Intercâmbio de Experiências e de Formação Docente. Iniciar a criação de uma Rede de Formação Docente e de Intercâmbio de Experiências em âmbito latino-americano, envolvendo não apenas profissionais implicados em projetos de pesquisa na área da complexidade e da transdisciplinaridade atuantes no âmbito universitário, mas, também, professores de escolas de educação fundamental e média interessados no desenvolvimento de novos programas e projetos interdisciplinares e transdisciplinares e extracurriculares, pautados na obra Sete Saberes para uma Educação do Futuro.
Um dos temas a ser trabalhado, a partir desta infraestrutura a ser criada, deverá estar voltado para as questões curriculares, no sentido de explicitar/esclarecer as possibilidades enriquecedoras que a Epistemologia Complexa e Transdisciplinar poderá colaborar para consolidação de uma nova politica de educação integral e integrada, tanto no que se refere ao Currículo, à didática, como também à avaliação.
• Conclusões e Recomendações abertas. Ao final da conferência, deverão ser elaboradas algumas conclusões abertas, nas quais se proporiam recomendações concretas às escolas e às instituições e políticos responsáveis pela Educação. Neste sentido, cabe a possibilidade, depois da conferência de criar também um Espaço de Diálogo no sentido de propor medidas e cooperar com a administração educacional, para que o que foi estudado e analisado nesta Conferência possa incidir de forma direta ou indireta na formação inicial e permanente do professorado e nas organizações escolares.
• Livro da Conferência. A partir de textos elaborados pelos diversos conferencistas, recomenda-se a elaboração de um livro da Conferência que inclua todas as apresentações dos conferencistas, bem como as principais contribuições realizadas nos Espaços de Diálogo, incluindo igualmente o documento final de Conclusões Abertas.
• Continuidade e Expansão. Assegurar os contatos necessários e os compromissos pertinentes visando a convocação de uma nova Conferência depois de, pelo menos, dois anos, que possibilite o intercâmbio de experiências e compromissos assumidos e permita estender esta iniciativa a outros Estados do Brasil, bem como países da América Latina.
• Produção dos Anais do Congresso, além de materiais didáticos e audiovisuais, a partir das Conferências, fóruns e minicursos realizados e que possam ser futuramente utilizados nos cursos de graduação e pós-graduação da UCB.
Desenvolvimento de ações e reflexões junto à comunidade presente, capazes de colaborarem para o desenvolvimento de uma nova consciência planetária através do trabalho desenvolvido nos ambientes educacionais, no sentido de formar cidadãos com valores humanos, éticos, socialmente solidários, responsáveis, com pensamento crítico e criativo, indivíduos colaborativos e profissionalmente competentes.
Em termos numéricos, pretende-se que a Conferência possa vir a atender a 1.200 professores de maneira presencial, mas também a assistência por meio eletrônico e/ou televiso de mais de 20.000 participantes em outros estados da Federação, bem como a produção de 40 vídeos de uma hora cada, a serem disponibilizados por rede aberta de televisão e outras modalidades de comunicação.

Saberes para uma cidadania planetária
Maria Cândida Moraes
UCB/DF
Março/2016

1. Qual é a razão da escolha deste título para esta Conferência?
Esta conferência, além de pretender homenagear nosso querido amigo e renomado filósofo Edgar Morin, pelos seus 95 anos de existência dedicada à construção de novas vias para o futuro da humanidade, pretende também contribuir com reflexões significativas que nos ajudem a construir novas perspectivas civilizatórias, capazes de iluminar novos caminhos para o futuro de nossa Terra-Pátria, a quem, conscientes ou não, estamos todos vinculados. E sabemos que a educação, como processo permanente de ação transformadora, é, sem dúvida, um dos instrumentos mais importantes, no sentido de restaurar valores e possibilitar novas oportunidades de inserção social, de promover a ética da solidariedade, da diversidade, da responsabilidade e do compromisso com o triângulo da vida representado pelas relações indivíduo, sociedade/natureza.

2. O que nos motivou e nos inspirou ao fazer esta escolha? Qual é a importância do título escolhido?
A grande motivação é, sem dúvida, a grave crise civilizatória e humanitária em que nos encontramos e que requer, para sua solução, outros tipos de compreensão, de comprometimentos em busca de soluções aos graves problemas enfrentados.
Neste sentido, Leonardo Boff expressa muito bem nossas angustias ao dizer que: "se não buscarmos uma nova civilização a terra poderá continuar, mas sem nós. Nós, os humanos e as outras espécies que habitam o planeta Terra, precisamos criar condições para que ele continue vivo e buscar soluções conjuntas para os problemas da humanidade. É necessário evitarmos bifurcações", adverte Boff. Ele continua afirmando que "temos um destino comum. Se esta nova civilização não nascer, vamos nos extinguir de crise em crise". O teólogo, ainda insiste que "a crise nos força buscar alternativas que incluam todos os seres vivos".
O título escolhido e o conceito de cidadania planetária, trabalhado em várias obras de Edgar Morin, precisa ser urgentemente resgatado e trabalhado pelos professores e instituições educacionais. Isto porque a alternativa possível, hoje, é a construção de uma nova cidadania planetária, que promova uma mundialização mais cooperativa e solidária, que defenda, radicalmente todas as formas de vida existentes no planeta, os interesses dos povos, que respeite suas tradições, no sentido de promover a integração da diversidade cultural da humanidade e que incentive a economia solidária como maneira de colaborar para diminuir os efeitos perversos das diferenças socioeconômicas.
Entendemos o conceito cidadania como um conceito mediador dos requisitos mínimos de justiça e do sentimento de pertencimento comunitário, significando, portanto, igualdade em dignidade e no comprometimento com a coisa pública, valor hoje absolutamente fundamental. A cidadania constitui a razão de ser da civilidade, fomentada pelo fato de que os cidadãos compartem um ideal de justiça, bem como um conjunto de valores, atitudes, condutas e compromissos, cujo denominador comum reside no fato de que, por debaixo de todas as nossas diferenças culturais, sociais e econômicas, existe um mesmo ar que se respira e uma mesma fonte que permite a vida e que rege também as leis da vida coletiva.
Desta forma, o conceito de cidadania planetária surge a partir de uma consciência que reconhece que, independente da nacionalidade e do contexto em que vivemos, estamos todos em um ‘mesmo barco', habitando um mesmo planeta que necessariamente precisa ser cuidado, reconhecido, valorizado e amado. Para tanto, é preciso consensuar valores, princípios, atitudes e comportamentos comuns, sem os quais não daremos conta de enfrentar a crise sistêmica, ou melhor, a policrise que vem afetando e colocando em xeque a sobrevivência de nossa civilização.

3. Quais são as contribuições de Edgar Morin, nosso querido homenageado, na construção dos ‘Saberes para uma nova cidadania planetária'?
Edgar Morin, em sua obra ‘Rumo ao abismo: ensaios sobre o destino da humanidade (2011: 75), pergunta-nos: que política seria necessária para que uma sociedade-mundo pudesse se constituir não como o coroamento planetário de um império hegemônico, mas como base de uma confederação civilizatória?
Para ele (2011), seriam necessários alguns princípios nutridores de uma política de humanidade em escala planetária e de uma política de civilização, bem como o abandono do termo desenvolvimento, mesmo atenuado pelos conceitos estável, sustentável e humano. Já não podemos aceitar o modelo ideal e perfeito dos países considerados desenvolvidos, dos países ocidentais, cuja meta e finalidade da história humana seria o estado atual das sociedades ocidentais. São modelos que não questionam os seus princípios e os seus valores, que ignoram as qualidades da existência, do meio e da vida, bem como o dom, a magnanimidade, a honra e a consciência, além dos tesouros culturais, das tradições, das civilizações arcaicas e da sabedoria das culturas milenares.
Para Edgar Morin, já não podemos continuar atenuando os problemas ou retardando a busca de suas soluções. É preciso tentar encontrar um ponto de partida, um novo começo, promovendo uma política de civilização e uma política de humanidade.
Uma política do humano como missão urgente para solidarizar o planeta visando diminuir as injustiças sociais em todos os aspectos da existência humana e no sentido de resguardar os bens planetários, como a água, os lençóis petrolíferos, a qualidade do ar que respiramos, etc. Uma política de civilização capaz de cuidar dos problemas mais vitais do planeta, voltada para a criação de uma sociedade-mundo que promova a reforma do espírito e a reforma do pensamento visando ao desenvolvimento da compreensão e da solidariedade humana.
Sabemos que estas mudanças ou reformas do pensamento e das instituições não acontecem sem uma transformação de natureza mais profunda, de natureza paradigmática, como nos recorda Edgar Morin, o que certamente, pressupõe novas perspectivas ontológicas, epistemológicas e metodológicas para se trabalhar em educação. Sem elas não haverá a reforma do pensamento humano, a reforma interior dos espíritos e das pessoas, a cada dia mais urgente e necessária à política civilizacional.
Como adviria tal reforma radical que pressupõe uma corrente de compreensão e de compaixão no mundo, nos perguntaria Edgar Morin? Para este nosso grande pensador planetário, é preciso aprender a pensar o contexto e o complexo. A identidade terrena e a antropolítica não poderiam ser concebidas sem um pensamento capaz de religar as noções disjuntas e os saberes compartimentados. Os novos conhecimentos que nos fazem reconhecer e reverenciar a terra-pátria - a biosfera - a terra Gaia, não terão sentido se estiverem separados uns dos outros. Isto porque a terra é uma totalidade complexa, de natureza biofísica e antropológica, na qual a vida é uma emergência na história da Terra e o ser humano é uma emergência na história da vida.
As relações homem/natureza e indivíduo/espécie não podem ser concebidas de maneira redutora e fragmentada. A humanidade é, para ele, uma entidade planetária e biosférica. O ser humano deve ser criado na natureza viva e física, ao mesmo tempo em que emerge no seio da cultura, no exercício da intersubjetividade humana, pelo pensamento e pela consciência em seu processo evolutivo. O pensamento fragmentado ignora o complexo antropológico e o contexto planetário. A reforma necessária do pensamento é aquela capaz de gerar um conhecimento contextualizado e de natureza complexa.
Para Edgar Morin, precisamos aprender a pensar em termos planetários a política, a economia, a ecologia, as riquezas ambientais, as diversidades culturais e a reconhecer a relação de interdependência e de inseparabilidade entre os fenômenos e seus respectivos contextos e destes com o contexto planetário. Precisamos também aprender a pensar religando o que está separado, pensar de maneira complexa, respeitando a diversidade, reconhecendo nela cada unidade que a constitui e discriminando os processos de interdependência. Isto significa ter um pensamento ecologizado que, em vez de isolar o objeto, percebe-o em suas relações auto e coorganizadoras com seu ambiente natural, sociocultural, político, econômico e espiritual. Um pensamento que concebe a ecologia da ação e a dialógica em ação e que seja capaz de encontrar estratégias compensatórias sempre que necessário.
Tais aspectos foram consolidados por Edgar Morin em sua obra Sete Saberes para uma Educação do Futuro , publicada pela UNESCO, ao redor do ano 2000, em vários idiomas. Nela, ele reflete profundamente sobre esta temática e apresenta um conjunto de saberes para uma nova cidadania planetária, sem os quais torna-se difícil o enfrentamento das múltiplas crises sociais, econômicas, políticas, éticas, culturais e espirituais que colocam em risco a sobrevivência individual e coletiva, bem como a preservação da vida no planeta.

4. Qual é o papel e o potencial da Educação em tão importante e imprescindível tarefa?
Em seu sentido mais genuinamente humano e social, a educação nos leva a buscar sempre novas possibilidades de atuação, a atualizar as potencialidades individuais e coletivas, a partir de ações pautadas na esperança radical de que o ser humano, mediante o exercício reflexivo consciente e o desenvolvimento de suas potencialidades, pode chegar a ser mais plenamente humano, mais singularmente pessoa, mais conscientemente cidadão/ã.
Neste sentido, reconhecemos e ratificamos o papel fundamental de uma educação transformadora centrada na condição humana, no desenvolvimento da compreensão, da sensibilidade e da ética, assim como na diversidade cultural e na pluralidade de saberes. Sem uma educação para a compreensão humana fica difícil, ou quase impossível, promover uma cultura de paz e cidadania, ancorada no respeito à diversidade e à promoção dos direitos humanos universais. O desenvolvimento da compreensão de nossa condição humana é fundamental para percebermos nossa identidade terrena, que exige o respeito constante à terra e à vida em toda a sua multidimensionalidade e diversidade, bem como o reconhecimento de que tudo está interconectado, em profunda comunhão. Ensinar a condição humana exige um humanismo civilizatório cultivado de modo intergeneracional e que se expressa mediante o cultivo de uma ética planetária, como condição essencial para a sobrevivência da humanidade.

Referências


BOFF, Leonardo. Ecologia, Grito da Terra, Grito dos pobres. São Paulo, Ática, 1996.
MORIN, Edgar. Rumo ao abismo: ensaios sobre o destino da humanidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

 

 
 
 
 

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